O TURISMO Cumpre a sua missão
Leia a opinião de Vítor Neto, empresário e gestor, presidente do NERA, na edição 1330, de 11 de Novembro, do Jornal Publituris.
Publituris
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2016 – O Turismo continua a cumprir a sua missão, dando mais uma vez um contributo importante para a Economia Nacional. O sucesso da Web Summit confirma-o. Os dados mais recentes sobre a sua evolução (já incluindo agosto) permitem-nos projetar para o total do ano valores bastante positivos. Sem euforias desnecessárias. Voltam a confirmar o contributo estruturante e insubstituível do Turismo na Economia e isolam as referências displicentes que tendem a vê-lo como mero «adorno», referido entre parenteses.
É, por isso, incompreensível que no quadro do OE/2017 o Ministério da Economia seja relegado para os últimos lugares (13º) em termos de dotação, com um corte de 8% em relação a 2016. O que, para além do peso político que reflete, condiciona o visível esforço de intervenção dos seus responsáveis da área do Turismo. Os dados conhecidos devem-nos, no entanto, fazer refletir, até porque não são homogéneos a nível nacional e resultam de realidades e dinâmicas diversas, e põem em causa algumas ideias feitas. Revelam também situações novas que exigem reflexão. 1ªsituação: dormidas de turistas estrangeiros Considerando concretamente os dados sobre as dormidas (nacionais e estrangeiros – INE), podemos projetar para o final do ano um crescimento de mais de 4 Milhões (+9%/2015) – ultrapassando os 53 Milhões. Com aspetos novos que devem ser considerados. Desde logo cerca de 80% desse crescimento deve-se a dormidas de estrangeiros.
Sendo que o Algarve poderá representar 40% desse crescimento, refletindo um aumento de cerca de um milhão e meio de dormidas (crescimento de quase 12 % – enquanto o nacional é de 10,9%), podendo ultrapassar assim os 14 milhões de dormidas de estrangeiros e consolidar a liderança a nível nacional. Seguido de Lisboa (que poderá atingir os 10 milhões) e a Madeira (6,5 M), que crescem abaixo da média nacional. O Norte, por sua vez, cresce acima do valor nacional e poderá atingir os 3,8 milhões de dormidas de estrangeiros. Estas quatro Regiões poderão representar cerca de 90% das dormidas de estrangeiros no alojamento classificado (82% em 2015). Merece atenção. 2ª.situação: dormidas de turistas portugueses Os dados projetados sobre as dormidas revelam-nos outra situação nova que exige reflexão. Trata-se das dormidas dos portugueses (INE). O seu crescimento a nível nacional em relação a 2015 (até agosto) foi de 4,3%, valor que é cerca de duas vezes e meia mais baixo do que o crescimento das dormidas de estrangeiros no mesmo período (10,9%). E enquanto algumas regiões tiveram crescimentos superiores à média nacional – Norte (7,7%), Centro (9,1%), Madeira (14,6%), Açores (19,7%)- duas regiões tiveram crescimentos abaixo dos 4,3%. Lisboa cresceu apenas 3% e o Algarve, que apresenta uma quebra acumulada de -2,7%, tendo até, no mês de agosto, pico do verão, uma quebra de -10,6% em relação a agosto de 2015, contrariando assim a evolução positiva dos dados sobre os estrangeiros.
E isso, apesar da perceção, confirmada por outros dados, de que durante o verão não estiveram no Algarve «menos portugueses», antes pelo contrário. Estamos perante uma situação nova que exige reflexão. Uma informação que pode ajudar: em Espanha verificou-se uma situação do mesmo género, e até com maior incidência, sobretudo em destinos com a tipologia do Algarve, e a opinião já avançada por associações empresariais espanholas é que «o forte aumento da procura no alojamento classificado em consequência da crise em destinos do Mediterrâneo conduziu – no alojamento tradicional – a um aumento de preços e à redução da oferta disponível para os turistas nacionais e para os operadores do mercado interno, provocando uma transferência da procura interna para o «alojamento local» legal e paralelo, mais barato». Trata-se de uma avaliação a ter em conta, que encaixa na discussão que se tem vindo a fazer nos últimos tempos em Portugal sobre o «alojamento local», e que reflete o quadro do Turismo nos nossos concorrentes do Mediterrâneo.
Uma pergunta impõe-se: porque diminuíram as dormidas dos portugueses no Algarve e porque cresceram abaixo da média nacional em Lisboa, no alojamento classificado? Que atenção estamos a dar ao mercado interno? Como estamos a abordar a problemática do «alojamento local», tendo em conta realidades tão diferentes como Lisboa ou Algarve? Receitas do Turismo e Exportações Chega a ser patético ver responsáveis políticos e institucionais a exaltarem a «importância» e o «peso» presente e futuro das exportações em relação ao PIB, ou os objetivos para 2017, sem nunca referir o contributo do Turismo. Revela desconhecimento ou oportunismo. Os factos não deixam dúvidas. Em 2015, a Balança Comercial só de Bens foi negativa. E a balança total de Bens e Serviços só foi positiva graças ao saldo positivo das exportações de Serviços, onde o Turismo, seu principal setor, representou 45%.
As receitas do Turismo em 2015 atingiram os 11,5 mil milhões de euros, representando 15,3% do total das exportações de Bens e Serviços. Para 2016, tendo em conta os dados conhecidos, podemos afirmar que se acentua o contributo de 2015, apontando para um crescimento de cerca de mil milhões de euros das receitas do Turismo, que poderão atingir os 12,5 mil milhões, subindo a sua quota para cerca de 17% do total das Exportações de Bens e Serviços de Portugal, passando a sua quota, só nas exportações dos Serviços, para 47%. Valores que vão cobrir mais uma vez o saldo negativo da Balança só de Bens. Valores significativos. A Economia nacional precisa, de forma permanente, do Turismo. Devemos trabalhar para que continue a crescer. Agenda – Turismo – 2017 Reconhecimento político efetivo do peso do Turismo na Economia. Visão nacional e resposta às diferentes realidades das Regiões e Setores. Ação integrada das Regiões e dos Empresas. Diálogo construtivo e realista com os responsáveis institucionais. ¶ *O autor escreve segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico.