“O nosso lugar está assumido e estabelecido”
Desidério Silva fala sobre o papel e os objectivos da Associação Nacional de Turismo, órgão que preside desde o passado mês de Maio.
Carina Monteiro
Hoteleiros questionam aumento da taxa turística em Lisboa e pedem “transparência” na relação com o Turismo
Marriott International acrescenta 100 hotéis e 12.000 quartos ao portfólio europeu até 2026
Lufthansa revê resultados para 2024 em baixa
CoStar: Pipeline hoteleiro regista trajetória ascendente no continente americano
Depois dos hotéis, grupo Vila Galé também aposta na produção de vinho e azeite no Brasil
Novo MSC World America navega a partir de abril de 2025 com sete distritos distintos
Top Atlântico promove campanha para as viagens de verão
ERT do Alentejo dinamiza Estações Náuticas na Nauticampo
TAP escolhe filmes do Festival ART&TUR para exibição nos voos de longo curso
Universidade de Coimbra lança curso de Empreendedorismo em Desportos Aquáticos e Viagens
Desidério Silva fala sobre o papel e os objectivos da Associação Nacional de Turismo, órgão que preside desde o passado mês de Maio.
Desidério Silva, presidente da Turismo do Algarve, é o homem que se segue na presidência da Associação Nacional de Turismo (ANT), criada em 2013 pelo Turismo do Algarve, Alentejo, Centro de Portugal, Porto e Norte de Portugal e a Direcção Regional de Turismo da Madeira, para ocupar um lugar que tinha sido deixado pela ANERT- Associação Nacional das Entidades Regionais de Turismo (ANERT).
Desidério Silva sucede ao presidente da Turismo do Centro de Portugal, Pedro Machado, que liderou a ANT desde a sua fundação até aqui. Desidério Silva pretende dar continuidade ao trabalho já efectuado. O responsável começa por dizer que está ultrapassado o período de apresentação da associação e que agora é tempo de “passar para acções mais concretas e interventivas”. Para o responsável, pela primeira vez as sete regiões encontram-se “num processo muito consensual e de respeito pela diversidade de cada uma”, pelo que “queremos que a ANT seja uma associação que possa ter uma intervenção nas políticas do Turismo e nas políticas do território”.
Para já, esclarece que a ANT “não se sobrepõe a outras” associações. “Não há nenhuma associação que tenha todas as Regiões de Turismo em uníssono e, ainda, um conjunto de associações empresariais que são um complemento dessa mesma actividade. No fundo, acabamos por procurar, no âmbito da ANT, aquilo que nos completa e interliga. Esse é o nosso papel”. Também refuta a ideia de que a ANT tenha ambições de fazer promoção: “O nosso lugar está assumido e estabelecido, penso que os parceiros na altura tiveram algumas dúvidas, por não perceberam bem qual era o objectivo e também por politizarem a criação da associação. (…) A ANT não tem a ambição de fazer promoção, tem a preocupação de que cada região tenha os meios, ou seja, que as Regiões de Turismo sejam valorizadas. As Regiões de Turismo têm neste momento uma dificuldade naquilo que é a sua gestão, porque têm uma componente dos municípios, outra associada à parte do Ministério das Finanças e da Economia, a própria lei nº 33/2013, de 16 de Maio, tem dificuldades em se concretizar porque há questões que não estão bem definidas”.
Então o que pretende a ANT? À questão, Desidério Silva enumera um conjunto de pontos que a associação quer ver clarificados. “Queremos uma definição clara das competências e atribuições das Entidades Regionais de Turismo. Isso não está claro, porque estamos muito dependentes de várias regras, incluindo da DGO – Direcção Geral do Orçamento”.
Outro dos objectivos da ANT é que as Entidades Regionais tenham mais competências, nomeadamente sobre assuntos que dizem respeito à gestão do território e exemplifica: “Queremos delegação de competências para a nossa gestão, porque no território temos pessoas que podem acompanhar processos administrativos ou pareceres sobre a localização de unidades hoteleiras, algumas vistorias onde podemos estar e dar o nosso contributo, porque conhecemos bem o território. Este é uma questão que queremos clarificadas que é a questão das competências”.
A clarificação do modelo de promoção surge igualmente como um dos temas que a associação pretende ver esclarecida: “Temos andado a falar todos os anos sobre o modelo da contratação e da promoção. Precisamos de clarificar isso, porque temos os dois modelos (ARPTS e as ERT’s) e depois cada uma queixa-se que não tem as verbas suficientes para as acções. Por exemplo, no âmbito das ARPT’s, os privados queixam-se que a verba disponibilizada pelo Estado podia ser maior, atendendo ao facto que eles também já têm condições para mais. Estas questões são questões que na prática acabam por criar alguma incapacidade de intervenção”.
Alojamento local
O tema do Alojamento Local também é destacado pelo responsável que considera, após a publicação em 2014 do regime jurídico que regulamenta a actividade, existirem algumas questões que não estão bem claras: “Há autarquias que fazem vistorias, outras que não fazem. É preciso clarificar esta situação para que existam regras muito claras e objectivas para todos.”
Mas há mais questões onde a ANT quer intervir, como a questão da qualificação e da formação profissional. “Os indicadores do Turismo em Portugal, neste momento, são muito positivos e é expectável que 2016 seja um ano muito forte. A expectativa é que em 2017 o resultado seja semelhante. Este ano estamos a ter muitos turistas novos em Portugal, temos que os fidelizar. A fidelização dos turistas tem muito a ver com aquilo que somos capazes de oferecer: o nosso destino tem de ser um destino de segurança, de qualidade, onde a atractividade e a diversificação sejam factores de escolha da visita dos turistas. Aqui, e bem, este Governo deu sinais positivos com as escolas de Turismo e Hotelaria. Queremos formação contínua. No fundo, para que os nossos turistas sejam recebidos por profissionais que sabem o que têm de fazer”.
Depois, há a questão do regime de acesso aos financiamentos promovendo o investimento: “Muitas vezes os próprios investidores têm dificuldade no acesso às linhas de financiamento. Tem de haver agilização. Nós podemos fazer um pouco esse papel. Porque o processo tem de ser mais rápido, mais transparente para que o investimento não se volte para outros mercados. Isto está tudo tão volátil, se não criámos condições para esses investimentos, há outras ofertas por aí.”
Quanto às próximas iniciativas, a ANT pretende dar início a um conjunto de reuniões com o Presidente da República, com o Presidente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro, com o Ministro da Economia e a Secretária de Estado do Turismo. A associação vai preparar uma agenda onde constam as questões que quer ver debatidas e trabalhadas em conjunto com a Secretaria de Estado do Turismo, a quem Desidério Silva dá uma nota “muito positiva”, “pela disponibilidade e pela forma como procura encontrar soluções para os problemas”.