Estratégia para o Turismo português
Leia a opinião de António Abrantes, professor universitário ULHT, na edição 1321 do jornal, de 08 de Julho.
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A nova competitividade entre as nações (e os espaços geo-políticos) está centrada em estratégias que envolvem a sociedade, inovam os processos, e desenvolvem políticas integradas com vista ao objectivo maior da promoção do desenvolvimento humano.
Nesta nova perspectiva, todos os actores – sociais, políticos e organizacionais – confrontam-se com a necessidade de reconfigurar, reinventar ou assumir novos papéis porquanto a sua função passará a ter um fim comum e superior.
Conceptualmente, o crescimento económico, sendo condição necessária, deixa de ser um fim em si mesmo, passando a ser instrumento em função do progresso da humanidade e da sustentabilidade do planeta.
O Estado-Nação, enquanto estrutura identitária e organizativa de uma comunidade de valores e cultura comum, tenderá a promover o exercício das capacidades e a libertar as energias quer da sociedade civil quer dos agentes económicos, passando a ser, também ele um instrumento de justiça e equidade no concerto do desenvolvimento humano global.
O turismo, em todas as suas dimensões, pode e deve prestar o seu contributo para este novo plano de competitividade. Tanto a OCDE como a OMT vêm trabalhando neste sentido, sugerindo medidas de políticas e estratégias empresariais que previnam a degradação dos recursos, preservem os factores identitários das comunidades e promovam a redistribuição da riqueza, colocando a economia do turismo ao serviço da sociedade.
É neste pano de fundo que está colocada à discussão pública uma proposta de estratégia para o turismo português que assume o horizonte temporal até 2027.
O documento, globalmente bem estruturado, propõe-se pensar o turismo a longo prazo sem, contudo, descurar a acção no curto prazo, num processo que pretende de integração de actores e planeamento conjunto na construção da estratégia e de referencial para o quadro comunitário de apoio 2021-2027.
Partindo de uma análise do turismo na última década, da identificação das mudanças internacionais, e do elenco dos desafios de natureza global e específica que se colocam ao turismo português na próxima década, propõe-se como eixos estratégicos de acção o território, a economia, o conhecimento, a conectividade e a promoção, tendo as pessoas (residentes, visitantes e profissionais) como centro da estratégia do turismo.
A dimensão e conteúdo dos eixos estratégicos, genericamente adequados, apresentam virtudes, mas também alguns excessos e outras tantas insuficiências.
Nas virtudes, destacam-se o posicionamento de Portugal como o hub europeu para os países da América – Norte e Sul, a valorização do património histórico e cultural, a capitalização das empresas turísticas, a redução de custos de contexto, a capacitação dos empresários e gestores do turismo e a dinamização do turismo interno.
No campo dos excessos, não caberá ao turismo “promover a regeneração urbana das cidades e das regiões”, “preservar e qualificar a orla costeira”, “melhorar os sistemas de mobilidade rodo-ferroviária e de navegabilidade”, por manifestamente fora da sua área de competência. Poderá, diferentemente, prestar o seu contributo na prossecução daqueles objectivos, na medida da sua utilidade e usufruto.
Nas insuficiências, aponta-se, entre outras, a ausência de referência à economia de partilha e novos modelos de negócios, à conectividade aérea com a Lusofonia, à valorização dos recursos endógenos para o turismo, à promoção da inovação no turismo, à disseminação tecnológica na cadeia de valor do turismo, à dignificação das profissões turísticas e à promoção da formação de profissionais em face das necessidades de mercado.
É também apontado o modelo de gestão, de implementação e de monitorização. Ao não consagrar uma participação activa e partilhada na estratégia por parte do organismo de cúpula representativo dos interesses económicos privados do turismo, o modelo proposto priva o exercício de coerência entre políticas e realizações e entre afectação de recursos e resultados.
Por último o exercício peca, de forma clara, pela ausência de referência ao modelo de financiamento do turismo e ao volume do “envelope financeiro” de suporte. Tão-pouco se identificam os instrumentos de apoio ao investimento e às acções promocionais do turismo português. Residirá aqui, sobremaneira, a debilidade da exequibilidade da estratégia que vier a ser consagrada.