Março Ecuménico
Leia o artigo de opinião de Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal.
Publituris
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“… Portugueses têm uma identidade nacional feita de sol e sangue…”
(Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa)
1. Atentos que estamos ao tema da Segurança, foi com um sentimento de justiça redobrado que recebemos a informação da captura, no dia 18.03.16, daquele a que chamam do “Cérebro dos ataques de Paris”, Salah Abdeslam. Esta foi uma notícia confirmada pelo secretário de Estado belga para o Asilo e Migração, Theo Francken, resultado de uma operação policial ao bairro de Molenbeek, em Bruxelas. A sua captura “com vida”, em muito poderá ajudar à recolha de informação sobre as operações do Estado Islâmico, em termos da sua organização e forma de atuação na Europa.
Foi, igualmente, notícia a entrega por um ex-membro do grupo islâmico, à cadeia de televisão britânica, Sky News, de uma lista com nomes, nacionalidades, moradas e números de telefone de 22 mil recrutas do Estado Islâmico. São milhares de documentos, que revelam a identidade de indivíduos interessados em levar a cabo ataques suicidas, e treinados para o fazer.
Estas foram notícias que vieram contribuir, substancialmente, para um sentimento generalizado de esperança no combate a uma das principais ameaças públicas da atualidade – o terrorismo -, e para a manutenção da paz.
No entanto, no dia 22.03.16, o mundo volta a acordar atordoado com a notícia de mais um atentado. Desta vez, em Bruxelas, provocando a morte a dezenas de pessoas e centenas de feridos. Tudo indica de que os responsáveis pelo atentado – os irmãos El Bakraoui – estejam, também eles, ligados a Salah Abdeslam.
É com incredulidade e com tristeza que tendemos a olhar o mundo, depois de acontecimentos como estes. A “insegurança”, a “incerteza” e a “impotência” tendem a impor-se. Há, no entanto, no ser humano, uma enorme capacidade de luta contra a injustiça, de se unir em torno de causas, de se reerguer e de seguir na direção dos seus ideais. Ciente de que “não vale tudo”. Ciente do conceito de liberdade. Ciente do conceito de paz. Ciente da importância de ambos. E da perfeita possibilidade de (co)existirem os dois.
2. Tomou posse no passado dia 09.03.16 o novo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, que assume quatro objetivos para o seu mandato: “afetos, simplicidade, proximidade e estabilidade”. E desde logo, com as comemorações oficiais, procurou começar a cumprir esses desígnios: 1.º Com o seu discurso conciliador, pacificador, com forte tónica do despertar/reforçar o sentimento de “orgulho em ser português”. Nele, destaco a citação que fez de Miguel Torga: “O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista… Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas”. Sobre isto, não poderia estar mais de acordo. 2.º Com o inédito de, no âmbito das cerimónias de posse, promover e participar no encontro inter-religioso na Mesquita de Lisboa (com a presença de 17 confissões religiosas); 3.º A realização de um concerto dedicado à juventude na Praça do Município de Lisboa, num sinal inequívoco da procura de derrubar barreiras formais e burocráticas e de promover a proximidade; 4.º A visita ao Porto, na sua primeira deslocação oficial como Presidente da República, num ato simbólico de prolongar o ato da sua tomada de posse, cidade onde, segundo o próprio, “se aprende liberdade”; 4.º A visita ao Vaticano e o encontro com o Papa Francisco, poucos dias depois. Deste encontro, resulta a mensagem do Papa Francisco ao Presidente Marcelo “A missão dos políticos é construir a paz”, muito em linha com o preconizado pelo novo Presidente da República. Acresce o carisma e a proximidade aos portugueses, podendo, em muitos aspetos, simbolizar a esperança num país melhor e na honestidade dos meios para o conseguir;
Destaco uma das suas primeiras medidas: a promulgação do decreto que restabelece quatro feriados, suspensos pelo governo anterior. Este ano, será portanto, um ano de feriados e pontes, em tudo propícios ao turismo. Esperemos que a economia acompanhe esta conjuntura;
3. O Presidente norte-americano, Barack Obama, tornou-se, no passado dia 21.03.16, no primeiro Chefe de Estado dos EUA a visitar Cuba em quase 90 anos, um passo decisivo para a reaproximação dos dois países, e que permitirá retomar as relações comerciais e diplomáticas entre os dois países. Cuba dificilmente voltará a ser como agora a conhecemos. A mudança é inevitável. Que seja para o bem geral do povo de ambos os países;
4. A 04.03.16 o mundo “parou” com a detenção, para interrogatório, de Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula, ex-Presidente do Brasil, ex-sindicalista e ex-metalúrgico brasileiro. Esta detenção está a dividir o país, entre os que celebraram a justiça e os que alinham numa tese de golpe de Estado contra o governo de esquerda. Certo, é o clima de enorme contestação social, de instabilidade política e de desconfiança. Mas mais do que isto: de uma profunda desilusão.
O mundo “mexe” diariamente. Mas há alturas em que “pula e avança”. Este mês de Março, poderá ser, metaforicamente, encarado como encerrando em “si mesmo” um potencial “Efeito Borboleta”. Digo que, com isto, seja capaz, como o bater de asas de uma borboleta, de influenciar o curso natural das coisas. Que seja para melhor. Afinal, é também em Março que começa a Primavera.
*Artigo de opinião de Pedro machado publicado na edição 1315 do Publituris