Portugal 2020: a realidade dos números
Leia a opinião de Jorge Abrantes, Vogal do Conselho Directivo do Turismo de Portugal.
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Tal como em anteriores sistemas de incentivos de natureza comunitária, também no Portugal 2020, o Turismo de Portugal teve, enquanto autoridade turística nacional, um contributo importante para a sua definição, acautelando muitas das especificidades do setor e salvaguardando a importância que o turismo tem tido para o desenvolvimento da economia nacional.
O trabalho levado a cabo no Plano de Ação do Turismo 2020, devidamente articulado com o mercado e seus interlocutores e apresentado na BTL, veio sinalizar as prioridades para este período de programação ao nível das diferentes vertentes de atuação que, no caso do investimento e financiamento, passam por uma aposta clara na requalificação do edificado já existente, na reabilitação urbana e na sustentabilidade económico-financeira das empresas, além do apoio a projetos de inovação e animação turística.
Mas olhemos para aquilo que foi esta primeira fase da aplicação do Portugal 2020 ao turismo, incluindo todos os concursos que se iniciaram ainda em dezembro de 2014, com os projetos conjuntos, e que culminaram com os denominados “vales” no passado dia 15 de junho.
O Turismo de Portugal recebeu um total de 245 candidaturas, a que corresponde um valor global de investimento na ordem dos 185 milhões de euros. Uma análise por tipologia de avisos mostra que foram os projetos de inovação empresarial aqueles que canalizaram a maioria do investimento (cerca de 170 milhões de euros), dos quais 23 relativos a projetos de empreendedorismo qualificado e criativo, ou seja, apresentados por empresas criadas há menos de 2 anos e com um investimento elegível máximo por projeto de 3 milhões de euros.
Algumas dessas candidaturas apontam para projetos na área da animação turística (12 candidaturas) com intenções de investimento em áreas tão diversificadas como o mergulho, todo-o-terreno, balonismo, embarcações turísticas, parques temáticos, balneários termais, entre outras.
Mas a realidade mostra, no entanto, que a maioria dos projetos apresentados continua a focar-se na criação de mais alojamento. Mais de 50% de todas as candidaturas submetidas à inovação empresarial foram para criação de novas unidades de alojamento.
Muitas dessas propostas são para construções de raiz, ou seja, para criação, pura e dura, de mais capacidade. Se a esse valor juntarmos as candidaturas para ampliação de unidades já existentes, estamos a falar num aumento da oferta superior a 1000 quartos.
Novas oportunidades e a criação de novos produtos são sinal do dinamismo do próprio mercado, mas para todos nós, que ainda recentemente assistimos à alteração profunda do mercado hoteleiro, com muitas das suas unidades ancoradas em fundos, mudando de mãos ou, em situações mais adversas, entrando em processos de revitalização, recuperação ou mesmo de falência, não deverão estes números ser alvo de alguma reflexão?
Autor: Jorge Abrantes Vogal do Conselho Directivo do Turismo de Portugal (Publituris edição 1296, 10 de Julho)