Ar e Mar: voar e navegar para enfrentar incertezas do Euro e Europa
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Jornal Publituris.
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Com o avantajado OXI no referendo grego às normas do Euro e dos fundos de coesão, desconhece-se o futuro da Grécia e União Europeia. Os ingleses têm razão: EU = European Unemployment.
Planei escrever sobre as perspectivas de Portugal no Mar, mas curiosamente são armadores gregos baseados nos principais mercados marítimos mundiais que continuam a gerir a maior frota mercante, com navios em segunda mão, e o porto de Pireu concessionado à China.
Por outro lado, das actuais potências maritimas e pesqueiras restam: Dinamarca, Holanda, Noruega, Itália, França, China, Espanha e Inglaterra, usando bandeiras de conveniência. O que demonstra como as elites políticas e financeiras europeias perderam as respectivas frotas marítimas e vão perder a aviação.
TEMAS FORTES – Tenho tratado os seguintes temas: privatização da TAP e tendências da aviação; o regresso ao Mar e o êxito turístico-desportivo da recepção aos velejadores e equipas da Volvo Ocean Race; e sobre Belém, grande base náutica de Lisboa e do Atlântico, valorizada pela integração dos monumentos e museus locais sob a gestão do Centro Cultural de Belém, que com o MUDE têm projectado Lisboa como pólo internacional de Arte e Design. Belém incorpora aviões, cruzeiros fluviais, regatas, museus e monumentos da nossa história e cultura: pilares que Portugal projecta com experiência e orgulho junto de turistas e executivos.
ARTE, HISTÓRIA E UM BELO ESTUÁRIO – Para americanos: Tempo é Dinheiro, enquanto os europeus gastam o tempo em cimeiras e debates inconclusivos. Não é só a Grécia a mudar, mas toda a Europa.
Custa a entender, por exemplo, a demora em valorizar Belém, um dos mais procurados roteiros da capital, onde se desfruta a incomparável frente ribeirinha sobre o estuário do Tejo. Aliás, do Parque das Nações em Cabo Ruivo (antigo ponto de amaragem dos clippers da Pan American e hidroaviões da Aquila) ao Parque dos Oceanos em Belém (antiga base aeronaval de onde Gago Coutinho e Sacadura Cabral partiram em 1922 para a 1ª travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro), Lisboa oferece privilegiado encontro com a arte, história, desporto e turismo.
O terminal de contentores no Barreiro e as obras do terminal de cruzeiros em Santa Apolónia têm feito manchete, como se o porto de Lisboa dispensasse as belas gares marítimas de Alcântara e Rocha, e como se a zona Xabregas-Poço do Bispo não fosse o entrocamento de acesso ao porto, apesar de lhe faltar a terceira travessia sobre o Tejo.
Em frente, na margem sul, o Tejo tem fundos baixos e confina com o Reserva Natural do Estuário. O que não dispensa Lisboa de novos terminais de contentores e cruzeiros, para acostar mais navios em simultâneo. Os cais de Alcântara e Rocha não «rimam», porém, com depósito de contentores.
ATLÂNTIDA NA FROTA HURTIGRUTEN – Sem desistir de levar a mensagem a Garcia, partilho o seguinte apontamento: o ferry Atlântida, construído em 2009 em Viana do Castelo, vai ser vendido pela Douro Azul ao armador norueguês Hurtigruten. O original armador açoriano rejeitou dois ferries porque o primeiro, com as alterações introduzidas não atingiu a velocidade exigida. Mas passados seis anos há armadores interessados no Atlântida, e nos Açores estão dois ferries gregos a assegurar ligações entre as ilhas.
Mário Ferreira, o seu primeiro armador, adquiriu-o em 2014 para cruzeiros no Amazonas, aproveitando agora a proposta da Noruega: uma empresa fundada em 1893 opera 12 navios, em linhas costeiras de ferries ao longo dos fiordes, e cruzeiros sazonais na Islândia, Gronelândia, Patagónia e Antártida. Os noruegueses sim são marinheiros.
O Atlândida, depois de transformado, poderá iniciar a rota Norway Explorer Hurtigruten, no Outono de 2016. E a Douro Azul pode procurar outro navio de cruzeiros para o Amazonas.
FERRIES INSULARES E COSTEIROS – Falta-nos uma política estratégica para o Mar, valorizando os portos com zonas adequadas para cargas, descargas, e armazenamento acessível de combustíveis, silos para cereais, reparação naval, pescas, contentores, cruzeiros, desportos naúticos, zonas de lazer, e terminais para ferries locais e oceânicos.
Será que Portugal não merece rotas internacionais de ferries? Para que servem tantas entidades? Em Lisboa os intervenientes são: APL, CML, CCDR de Lisboa e Vale do Tejo e do POR Lisboa – Plano Operacional Regional de Lisboa, e Ministério da Agricultura e do Mar.
GUARDADO O BOCADO – A crise na Grécia é aproveitada pelas empresas aéreas dos Emirados, que querem ombrear com os seis grupos globais: United, American e Delta Airlines, nos EUA; Lufthansa, IAG (British Airways e Iberia), e Air France-KLM, na Europa.
A Emirates e Qatar voam para a diáspora helénica. A Olympic Airlines opera a rede doméstica, e a Ryanair serve 11 destinos gregos na sua rede europeia. Portanto, os gregos que voam para destinos intercontinentais – incluindo milhares de marítimos na rotação periódica das tripulações gregas nos grandes portos mundiais – escolhem a Emirates e Qatar, via Dubai e Doha.
Como os líderes europeus explicam que o Euro continua forte? Se demorarem a resolver este desaire na Grécia, vamos ter, sim, mais desemprego.