Publituris TV: Internacionalização das empresas e as propostas para a privatização da TAP
A internacionalização das empresas do Turismo e as propostas para a privatização da TAP são os temas em discussão na edição de Maio do Check-in, o programa de debate do Publituris TV.
Carina Monteiro
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A internacionalização das empresas do Turismo e as propostas para a privatização da TAP são os temas em discussão na edição de Maio do Check-in, o programa de debate do Publituris TV.
Neste quinto programa, os convidados residentes, Frederico Costa e José Roquette, falam dos desafios que se colocam às empresas que pretendem internacionalizar-se. A análise começa por definir a fase em que estão as empresas do Turismo no que diz respeito à internacionalização. “Os últimos anos, com a crise, não foram fáceis para as empresas começarem os seus planos de internacionalização, ao mesmo tempo foi uma vantagem para aquelas que já estão internacionalizadas”, defende José Roquette. Para o responsável a internacionalização é um passo de crescimento estratégico como outro qualquer, não sendo a única estratégia de crescimento possível. “É um passo para empresas de média e grande dimensão, ou seja, a pressão que é colocada numa organização que se quer internacionalizar não é compatível com uma empresa de pequena dimensão. Embora a internacionalização seja uma ideia romântica, não é muito fácil a sua implementação e às vezes é mais lenta do que se imagina. É importante que as empresas que estão internacionalizadas continuem esse esforço, mas é importante deixar a ideia de que são passos de desenvolvimento difíceis, lentos e que põem à prova as organizações”, sustenta.
É uma solução para quem não tem bons resultados em Portugal? Na opinião de Frederico Costa a resposta é não. “É de um grande optimismo pensar que se resolvem lá fora os problemas que não se conseguem resolver em Portugal. Isso é uma visão romântica do assunto. É preciso muito esforço, muito tempo, muito dinheiro para se internacionalizar bem, sobretudo neste sector, em que as margens são curtas e os investimentos são grandes. A ideia é boa e quem o fez, fez com sucesso e continua a tirar proveito disso, porque pode diversificar os seus rendimentos aproveitando os momentos das suas geografias”.
O que precisa de saber se está a pensar internacionalizar-se?
“Uma empresa quando vai abrir uma área nova de negócio noutro país tem de ter presente que vai encontrar novos riscos, enfrentar nova concorrência, vai ter que trabalhar com novos clientes e trabalhar num enquadramento legal e num ambiente de negócios diferente. A primeira ideia é pensar num business plan”, defende José Roquette. Em seguida, o responsável fala do desafio cultural. ´”É muito importante falar do desafio cultural que é colocado à gestão. Começámos [Grupo Pestana] a nossa internacionalização pelos países lusófonos, hoje já estamos em 17 países e não estamos apenas ligados à lusofonia e a grande conclusão, ao fim de quase 20 anos de negócios lá fora, é que cada passo é um desafio cultural e de gestão tremendo, mesmo tendo o grupo Pestana a dimensão e a capacidade financeira e de gestão que têm. A grande mensagem é fazer o trabalho de casa, ter as ideias muito claras e saber exactamente porque é que se vai para fora em vez de crescer dentro”.
Privatização da TAP
A existência inicial de três propostas [de Miguel Pais do Amaral, David Neeleman, dono da brasileira Azul, e Gérman Efromovich, da Avianca] para a privatização da TAP são boas notícias para a companhia de acordo com Frederico Costa e José Roquette. “Sentir-me-ia mais confortável se fossem cinco propostas em vez de três, mas três é três vezes mais do que foi a última tentativa de privatização”, defende o responsável e explica porquê. “Apesar de ser uma empresa que não dá lucro, não tem estabilidade social, tem problemas de tesouraria, haver o interesse destes empresários mostra-nos que há oportunidade da TAP ter futuro. Estou optimista. Espero que seja um processo rápido e olho com grande optimismo para o que vem aí”.
José Roquette concorda. “É muito positivo que haja três propostas, acho que pelo menos duas são muito credíveis do ponto de vista da gestão de uma companhia aérea, quer a Avianca, quer a Azul. Estamos a falar de empresários que já deram provas que conseguem sobreviver neste ambiente tão difícil da aviação comercial. Portanto, acho que é muito atrair três propostas: uma de base portuguesa e dois grandes operadores credíveis e que hoje têm companhias de referência. Conseguir atrair este tipo de investidores para a TAP depois da péssima fase que passou do ponto de vista da imagem e da frágil fase do ponto de vista da tesouraria, é uma óptima notícia. Estou completamente optimista o que neste momento a mudança tornou-se evidente e já é irreversível”.
Frederico Costa chama atenção para o facto de duas das propostas serem americanas. “Não tendo sido nenhuma empresa europeia, isto vai fazer com que a TAP se mantenha com a estratégia que foi montada nos últimos anos de trabalhar entre a Europa e América”.
José Roquette, por sua vez, defende que se a privatização se concretizar, a TAP terá um choque de gestão inevitável. “Daqui para a frente os problemas que a TAP tem não poderiam nunca ser resolvidos pelo Estado, nem falo do problema financeiro, o Estado nunca seria capaz de fazer a reestruturação que a TAP precisa, porque iria ficar sempre refém da pressão politica, e a TAP já tem problemas suficientes, para ainda ter de sofrer com os dramas da política”.
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