O Futuro da investigação em turismo
Leia a opinião de Antónia Correia, ‘dean’ da Escola de Turismo, desporto e Hospitalidade da Universidade Europeia.
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A investigação é a procura incessante pela verdade, pelo conhecimento! O paradoxo de Einstein “Só sei que nada sei” é o status quo da vida de um investigador. Um investigador tem no seu ADN, a dúvida e vive em função desse paradigma, dúvida constante. Acreditem é neste êxtase céptico que nasce, cresce e se alimenta um bom investigador.
Esta filosofia de vida, porque na essência assim o é, não se compadece com as controvérsias e conflituantes metas que Universidades e Sistemas de Avaliação impõem aos investigadores. Publicar em grande quantidade nas revistas que os rankings impõem.
Esta imposição contraria o espírito da investigação: liberdade, motivação e tempo para produzir investigação com qualidade. Um pouco por todo o mundo, em discussão está a filosofia e o paradigma de avaliação. Argumenta-se que em causa está onde se publica, mais do que o que se publica. Em causa está a vã esperança de um sistema democrático que confira ao investigador a liberdade de pensar e definir por si próprio os seus problemas de investigação. Em causa está a eficiência dum sistema que sobrevive em torno de meia dúzia de revistas classificadas como revistas C ou D, em Portugal que registam um crescimento exponencial de potenciais publicações, com qualidade duvidosa.
Falo é claro da Investigação em Turismo!
Investigação que apesar de ser reconhecida como indispensável para alavancar o desenvolvimento do sector mais profícuo em Portugal, caminha a passos largos para uma desmobilização preocupante.
Os motivos desta desmobilização são óbvios: a falta de reconhecimento da relevância de revistas que na área do turismo ocupam os lugares cimeiros dos rankings internacionais, ABS (Association of Business Schools) e ADBC (Australian Dean Business Council), ou até mesmo do ISI- Web of Knowledge ou da Scopus (SJR -SCImago Journal Rank indicator), mas que em Portugal persistem como revistas de segunda ou terceira linha, tem um fim inevitável – A desmobilização dos investigadores.
Esta semana a discussão na TRINET (Tourism Research Information Network) versava sobre os rankings das revistas de turismo recentemente homologados, choviam elogios aos editores de revistas conceituadas por finalmente serem reconhecidas como revistas A* no sistema britânico, ABS (Association of Business Schools). Reconhecimento este que há muito o sistema australiano lhes conferiu (ADBC- Australian Dean Business Council).
Em Portugal este reconhecimento tarda…conduzindo à dispersão.
Dispersar investigadores com reconhecido mérito, ou afastar a sua produção científica da área do turismo, para que lhes seja possível almejar a promoções ou avaliações de desempenho positivas, é um sinal claro do país de que investigação em turismo não é desejada. Quando a necessidade desta investigação e o reconhecimento da mesma é cada vez mais aclamada.
Neste desiderato em que por um lado, o sistema condena a investigação e por outro o sector a aplaude, é emergente concertar estratégias e definir qual a posição do turismo no sistema científico nacional, com todas as repercussões que desta indefinição possam advir.
*Antónia Correia, ‘dean’ da Escola de Turismo, desporto e Hospitalidade da Universidade Europeia.