Empresas portuguesas apostam “fortemente” no mercado alemão
As estratégias comerciais das empresas turísticas de Portugal têm um objectivo comum: conseguir ultrapassar a quota dos 1% de turistas alemães que visitam o País.
Raquel Relvas Neto
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A Alemanha é o segundo maior mercado emissor de turistas a nível mundial, antecedido pela China. Em Portugal, em 2014, cresceu 8,1% em número de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros. No entanto, o nosso País capta apenas 1% do número de turistas alemães que realizam férias no estrangeiro.
Com o objectivo de aumentar esta quota de mercado e atrair mais turistas alemães, 58 empresas portuguesas e as sete regiões turísticas nacionais marcaram presença em mais uma ITB Berlim.
Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé, realçou ao Publituris, que o mercado alemão cresceu 18% nas unidades da cadeia hoteleira, estando em disputa com o mercado britânico pela segunda posição como mercado emissor. “É um dos mercados onde temos feito uma aposta forte, fazemos muitas acções na Alemanha, temos uma pessoa que vem cá sete a oito vezes por ano fazer contactos com operadores e é um dos mercados onde estamos a apostar mais nos últimos tempos. É hoje um mercado importante quer no Porto, região de Lisboa, Algarve e Madeira, acaba por ser transversal a todo o pais, não é muito localizado e tem funcionado bem. As expectativas para este ano são positivas”.
Já Horácio Rebelo, director de operações da Portimar, indicou que as expectativas deste mercado é uma subida de 10% a 15% no Algarve, “o que é uma novidade em relação a anos anteriores”. “Até agora os números que temos são superiores ao ano passado”, acrescenta.
No Vale d’Oliveiras Quinta Resort & Spa, no Carvoeiro, o mercado alemão é também um dos principais clientes. Eduardo Peregrino, assistente manager, indica que este representa 12% na unidade hoteleira, sendo “o segundo maior mercado a seguir ao Reino Unido e um dos que mais cresceu”. “Neste momento estamos à procura de novos parceiros. Temos algumas parcerias fechadas para o próximo ano, mas temos ainda muita margem de progressão”, explica, indicando que para este ano as reservas já estão acima dos níveis registados em 2014.
Filipe Santiago, administrador de Marketing e Vendas da Tivoli Hotels & Resorts, destacou que nas unidades da cadeia hoteleira, o mercado alemão não foi o que mais cresceu, “é um mercado muito resiliente e estável, com um crescimento ligeiro, quer em Lisboa, quer no Algarve nos hotéis do sotavento algarvio”. “É um dos nossos mercados prioritários, onde trabalhamos mais activamente nos vários segmentos e sem dúvida que é um dos mercados onde esperamos crescimento”, sustenta.
Maria José Capitão, directora de vendas e promoção da Lusanova DMC, destaca que 2014 correu bem no que ao mercado alemão diz respeito. “Tudo indica que 2015 vai ser ainda melhor”, adianta.
Aposta das regiões
Nos Açores, o mercado alemão ocupa a primeira posição de mercado emissor internacional. Francisco Coelho, director executivo da Associação de Turismo dos Açores, indicou “que é um mercado extremamente importante que se encontra em crescimento” ao longo dos últimos anos. “Tudo faremos para que continue nesta senda de crescimento”, reforça. Actualmente, o mercado alemão conta com ligações aéreas directas para o arquipélago português asseguradas pela SATA e Air Berlin, no entanto, o responsável adianta que têm sido contactados por outras companhias aéreas, as quais são bem recebidas na região “desde que tragam crescimento para a região”.
Vítor Silva, presidente da Agência de Promoção Turística do Alentejo, realça que também que tem boas expectativas para este mercado, que em 2014 registou um aumento de 12,1% na região. “Este ano teve um crescimento expressivo, mas em anos anteriores o mercado alemão foi um mercado muito estagnado para o Alentejo, mesmo para Portugal. O que é incompreensível na medida em que só 1% dos alemães que fazem férias no exterior vêm para Portugal. A margem de crescimento é enorme. Estamos a insistir muito no mercado alemão, estamos a fazer algumas acções que não fazíamos antes”, como a presença noutras feiras mais específicas em Estugarda, na CMT, uma feira de turismo direcionada para o público geral com a participação de 250 mil visitantes; Dusseldorf; Munique ou na Feira do Livro de Frankfurt: “Queremos ser conhecidos nos sítios onde temos os produtos que as pessoas podem querer”.
“Este ano temos mais responsabilidades do que no ano passado, fomos a região que mais cresceu no mercado externo. Se o ano de 2014 tivesse sido mau para nós, era fácil crescer, agora crescer acima de 25% é mais difícil”, refere o responsável.
No Centro de Portugal, Pedro Machado, presidente da ARPT Centro de Portugal, refere que este é um dos seis mercados prioritários para o destino, e além da presença na ITB Berlim, a região iniciou um trabalho com a Pura Com focado no turismo de saúde e bem-estar e turismo médico, activo e de natureza, “queremos desta forma continuar a acrescentar a nossa capacidade de atracção para a região Centro”. A Alemanha ultrapassa as 70 mil dormidas por ano na região, mas o objectivo é “atingir a fasquia das 100, 120 mil dormidas”.
Consolidar o mercado alemão é um dos objectivos propostos no Plano Estratégico do Turismo do Algarve. Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, realça que apesar de ser um mercado para consolidar, “há muita margem de crescimento. Sabemos que este mercado tem muito potencial e capacidade de intervir”. “Há alguns produtos que estamos a trabalhar e a potenciar de modo a que na Alemanha haja depois apresentações específicas em diversas cidades”, acrescenta. O reforço de algumas das rotas aéreas que ligam o Algarve a cidades alemãs estão também a ser negociadas pela região, em conjunto com o Turismo de Portugal.
*Em Berlim, a convite da Lufthansa.