Ano de mudança para promover eventos com conteúdos criativos
Debate-se, pelo menos em meios hoteleiros após as recentes propostas apresentadas por André Jordan e Álvaro Covões, na Associação de Hotelaria de Portugal, a vantagem em se adoptar um novo modelo de promoção nas plataformas online, focando a dinâmica da animação local, com adequados cartazes, datas, horários, locais, e conteúdos diferenciados da vasta gama de eventos e programas para cada época turística, e integrados nos calendários electrónicos de cada município, visando divulgar o autêntico estilo do turismo português.
Humberto Ferreira
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Debate-se, pelo menos em meios hoteleiros após as recentes propostas apresentadas por André Jordan e Álvaro Covões, na Associação de Hotelaria de Portugal, a vantagem em se adoptar um novo modelo de promoção nas plataformas online, focando a dinâmica da animação local, com adequados cartazes, datas, horários, locais, e conteúdos diferenciados da vasta gama de eventos e programas para cada época turística, e integrados nos calendários electrónicos de cada município, visando divulgar o autêntico estilo do turismo português.
Eventos que interessam tanto a residentes, como ainda mais a turistas nacionais e estrangeiros, sejam festivais, espectáculos, provas, encontros, ou exibições desportivas e culturais, típicas ou internacionais, formatadas em festas ou concentrações de índole voluntária ou profissional, que reflectem uma nova dinâmica de gestores e empresários.
COMUNICAR não é, com raras excepções, o ponto forte dos organismos e empresas portuguesas. E comunicar iniciativas turísticas é mais difícil, pois abrange mercados externos e internos, além de vários objectivos de promotores com interesses diferentes.
Além disso, 2015 é ano de eleições em vários países europeus e de mudanças na Europa e no mundo, sendo o prazo limite para os portugueses mais preocupados decidirem sobre que modelos de país e sociedade podem deixar aos descendentes? E como podem potenciar os principais recursos criados nas últimas décadas em relação às tendências internacionais, entre os quais destaco os do Mar, Terra (agricultura e derivados), e Turismo.
RECURSOS NO MAR – Temos uma extensa Zona Económica Exclusiva, 1230 km de costa continental mais as das ilhas dos Açores e Madeira, mas poucos navios registados em Portugal, sem petroleiros de longo curso nem linhas de ferries entre o Continente, Madeira e Açores.
A frota de pesca, além de pequena e na maioria artesanal, está com os barcos da sardinha parados de Outubro de 2014 a Março de 2015. Como é possível qualquer actividade sobreviver com normas europeias deste teor?
A grande aposta nos recursos do Mar recai agora na extensão da plataforma continental, cujo processo poderá começar a ser avaliado por uma comissão da ONU ainda em 2015, mas de pouco nos valerá se Portugal não tiver em 2016 condições para extrair e usufruir desses recursos, que entre outros poderão satisfazer 25% do consumo mundial de cobalto, numa área imersa 42 vezes superior à terrestre, e que tornará Portugal na 11ª área mundial mais extensa.
É difícil entender, porém, como conseguiremos obter meios para pesquisar e extrair tais recursos oceanográficos, tendo em conta o nosso atraso de décadas na exploração de gás e hidrocarbonetos offshore.
Entretanto, há praias sem areia, arribas a cair, e portos assoreados. Sines não está no ranking Top50 dos portos mundiais (apenas com um milhão de contentores/ano), mas Algeciras é o 31º do ranking mundial com 4,5 milhões de Teu (unidade padrão de contentores), movimentando já quatro vezes mais do que Sines, e tendo a Espanha linhas da alta velocidade internas e para França, enquanto o ARCO DO ATLÂNTICO do Porto a Bordéus, é uma utopia que importa valorizar.
A nossa estratégia portuária tem incidido mais na rivalidade interegional do que na implantação e acesso às redes europeias de transportes intermodais e nas potencialidades do hinterland das zonas portuárias. Cada líder regional que ter o melhor porto do mundo, quando nem conseguir projectar o melhor porto nacional.
Cresce assim a concorrência entre Leixões, Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal, e Sines (este, também gere agora Portimão, Faro, e Guadiana, com grande mágoa dos algarvios).
Nota-se dinamismo escrito e falado na economia do mar, mas faltam projectos, investimentos, empresários, e resultados.
Uma esperança: o Mar está desde sempre associado ao Turismo e o nosso sector projecta melhor as suas potencialidades.
RECURSOS NA TERRA – A agricultura tem crescido com a adesão das novas gerações e novos métodos de gestão, melhorando a produção, transformação, e industrialização dos nossos principais produtos, mas os maiores investimentos têm sido estrangeiros, e a pecuária e leite estão em crise. Vinhos, fruta, e hortícolas são exportados com bom ritmo, não fossem as recentes restrições europeias à Rússia, e a continuação da crise. As actividades agrícolas são excelentes associadas do Turismo, e o agro-turismo oferece um forte potencial aos agricultores.
RECURSOS NO TURISMO – Confirmando as tendências mundiais, 2014 foi um bom ano para o turismo português, apesar de estarmos fora do Top10. A Espanha recebeu em 2014 um total de 65 milhões de turistas, a China 56 milhões, a Turquia 42 milhões de turistas, a Grécia 22 milhões, Marrocos 10 milhões, e a Irlanda 7.3 milhões. Cá não se sabe ainda quantos turistas externos entraram.
Em 2014, o núcleo oficial orgulha-se do Turismo ter sustentado 80% do défice da balança comercial com uma facturação geral superior a 10 mil milhões de euros, em alojamentos, excursões, refeições, e compras realizadas por turistas, equivalendo ao saldo positivo de 7000 milhões de euros entre turismo receptivo e emissor, e que representa 15% das exportações lusas em 2014.
Mas os dados internos disponíveis são expressos em previsões de crescimentos percentuais, para desviar comparações com outros países. Oficialmente sabe-se que as dormidas turísticas em 2014 alcançaram 46 milhões, sendo de 32 milhões de turistas, e cerca de 14 milhões de residentes. E que no total recebemos 16 milhões de hóspedes nos meios de alojamento, correspondendo a receitas de 10,4 milhões de euros, 2,2 milhões dos quais na hotelaria.
O mercado interno subiu 13%, o Revpar médio na hotelaria subiu para 33 euros per capita, e a ocupação média subiu 3.8% atingindo 57%, revelando o excesso de oferta e de investimento face à procura, mas continua a febre de construir novas unidades, sem rasgos arquitectónicos, excepto em dois ou três casos.
Por fim, o Turismo contribuiu para 6% do emprego total e com a entrada de 28 milhões de euros por dia para a economia nacional. Mas o número de unidades Horeca encerradas desde 2011 penalizou o desemprego, que continua a ser preocupante.
ORGANIZAÇÃO – Os optimistas incondicionais dizem que o Turismo tem que ter uma VOZ única para projectar maior peso político. Outros demonstram uma crescente vontade de se libertarem das orientações políticas dos planos de Turismo. Mas exigem que o Estado pague os encargos.
Temos a Confederação do Turismo, associações empresariais, profissionais, e regionais (creio que falta a associação de estabelecimentos de ensino turístico), e múltiplos organismos centrais, regionais, e locais sectoriais.
Se o Turismo privado quer ser autónomo, exija ao Governo que não pode retirar 23% de cada refeição ou bebida servida nas suas instalações e pelo seu pessoal. O Governo não pode sobrecarregar mais a Economia nem as populações.
E os privados devem apresentar projectos de ordenamento da oferta e planos de promoção profissionalizada.
O Governo tem de definir, por sua vez, qual é a voz do Turismo, e qual é o método de intervenção adequado, sem prejudicar as empresas. Caberá ao poder político divulgar sem atrasos, os resultados de cada época turística e apresentar projectos e previsões para o ano seguinte. O que poderá acontecer na BTL.
Foram aprovados sucessivos planos de desenvolvimento estratégico, mais gizados por interesses dos lobis políticos do que adaptados às tendências da procura turística.
Por outro lado insiste-se na tónica da queda dos recordes em cada ano, quando na prática as campanhas oficiais de promoção têm piorado nos últimos 25 anos, sem alcançarem um objectivo comum. Se cada governo dura quatro anos, poderiam ser criados oito semestres temáticos: Turismo Porto e Ribadouro, Turismo das Beiras, Turismo Religioso focado em Fátima (com o Centenário das Aparições em 2017), Turismo do Ribatejo-Alentejo, Turismo do Algarve, Turismo da Madeira, Turismo dos Açores, e Turismo da Grande Lisboa.
Vale-nos, sem dúvida, o vasto número de atracções e programas de inegável qualidade, apreciados por crescentes segmentos de turistas estrangeiros, através da Internet e das revistas da especialidade.
SUGESTÕES PRIORITÁRIAS – Como 2015 é um ano de mudança, proponho que a Secretaria de Estado e o Turismo de Portugal passem para o Palácio Foz. E que o antigo Restaurante Panorâmico de Monsanto seja aproveitado para sede de entidades e iniciativas turísticas e actividades paralelas.
Outro tema que importa tratar em 2015 é o de associar a LUSOFONIA ao Turismo, mudando o potencial lusófono nas vertentes cultural, turística, estratégica, e internacional.
PROMOÇÃO INTEGRADA – Quanto à mudança da promoção adequada aos novos conceitos da oferta de conteúdos e da promoção horizontal, Portugal necessita de um conjunto de sugestões, partindo do princípio que o Turismo é uma excelente charneira da nossa malha empresarial para projectar e valorizar os recursos de cada zona, região, ou país.
Hoje quando se fala em mudança, lembramo-nos logo de mais cortes orçamentais, e despedimentos. Mas dessa não precisamos mais. Precisamos, sim, de novos meios de afastar esta prolongada crise que dura há oito anos.
Objectivamente a promoção turística – como na maioria das actividades e fileiras económicas – vai passar a ser encargo das empresas, autarquias, associações e consórcios. E como tal, fazem todo o sentido as propostas de André Jordan e Álvaro Covões na AHP, visando enriquecer a comunicação com conteúdos do agrado das novas gerações, e distinguindo cada destino da agressiva concorrência externa.
Cada terra de Turismo deve projectar as suas ÂNCORAS, as suas figuras ilustres, e as suas iniciativas e actividades principais, para se destacar da concorrência.