As tendências na aviação enquanto TAP procura parceria idónea
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Jornal Publituris.
Humberto Ferreira
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Alcançado o acordo entre nove dos 12 sindicatos da TAP e o Governo, escrevi o anterior Turiscópio antes da aprovação ministerial em 15 de Janeiro do CADERNO DE ENCARGOS para a 3ª privatização da TAP. Estranhava-se então a falta do caderno de encargos. Sabe-se agora que o vencedor não poderá alterar a marca, sede, hub, linhas, nem despedir pessoal durante 10 anos, e que o incumprimento reverterá a TAP ao Estado.
As tendências gerais apontam para três grupos europeus a enfrentar os três norte-americanos liderados pela United, American e Delta Airlines. Fora dos grupos AF-KL, LH, e IAG crescem as low-cost.
EMPRESAS PÚBLICAS EM EXTINÇÃO – A Aer Lingus vai integrar o grupo IAG, ao aceitar a 3ª proposta mais alta do grupo anglo-espanhol IAG (British Airways-Iberia-Vuelling-BMI) pela aquisição de 25% da Aer Lingus (menor do que a quota de 30% detida pela Ryanair, a qual poderá aproveitar a oferta de 2.50 euros por acção feita pelo IAG). E a Qatar adquiriu 9.9% do capital do IAG, associando-se à British e aliadas, e revelando o interesse dos Emirados na aviação europeia.
Na falta de investidores lusos, é essencial para a TAP garantir que a empresa ou grupo que vença a actual privatização concretize o plano de crescimento em curso, uma vez que novo reforço de capitais públicos (a analisar por Bruxelas, 10 anos após o último) poderia suprimir rotas, e reduzir frota e pessoal.
Bruxelas em vez do equilíbrio defende a livre concorrência e a proliferação de empresas, que provoca desemprego, falências e dumping.
PORTUGAL NO AR – A Aero Portuguesa data de 1934. Foi integrada em 1945 nos Transportes Aéreos Portugueses. Em 1941 foi criada a SATA nos Açores, hoje em reorganização pública regional.
Das empresas aéreas extintas lembro a Artop, Air Atlantic, LAR, Air Sul, Air Madeira, Air Columbus, Air Luxor, Yes, Aero Condor, Aeronorte, etc. Continuam a operar: Euro Atlantic, Omni-White, Hi-Fly, Air Vip (do grupo Seven Air, e candidata à futura linha aprovada pelo Governo e por Bruxelas, entre Bragança-Vila Real-Viseu-Tires-Portimão).
A privatização da TAP consta de muitos programas de governo, tendo entre 1997 e 2001 avançado a favor do grupo suíço «SAir», liderado pela Swissair – um ambicioso plano que reuniu 11 transportadoras europeias, mas que falhou em Outubro de 2001, após os atentados islamitas nos EUA.
Fernando Pinto, anterior presidente da Varig, escolhido para gerir o projecto luso-suíço, mantém-se há 14 anos ao leme da empresa pública, com agrado geral, ao aplicar uma notável estratégia de crescimento, e invertendo em 2003 a tendência dos prejuízos.
A troika insistiu em 2011 na privatização e em 2012 o grupo IAG mostrou interesse, mas foi afastado pelo receio da mudança para Madrid do Hub de Lisboa. A venda foi anulada, pois Efromovitch, titular da Avianca Colômbia e Brasil, e do grupo europeu Synergy atrasou-se nas garantias financeiras.
CRESCIMENTO – Fernando Pinto lançou em 2013 mais rotas, mas sem reforço do capital não há plano que resista. A TAP opera a mais popular rota Brasil-Europa e vice-versa através do Hub em Lisboa e a capitalização facilitará a abertura da rota para a China, onde a TAP pode beneficiar da sua experiência accionista na Air Macau, entre 1994 e 2010.
As propostas para a TAP entram em Março, e o vencedor pode iniciar a gestão no segundo semestre. É imprevisível a reacção dos investidores concorrentes às exigências oficiais, mantendo até 2025 os preceitos de uma companhia de bandeira como no século XX, pois as empresas crescem com mudanças e inovação. Esta privatização poderá ser um caso de estudo sobre a gestão de uma empresa intercontinental com um modelo do século XX.
RONDA BREVE – As empresas Swiss, Brussels, Austrian, LOT, KLM, Iberia, Aer Lingus, Alitália, etc., «arrumaram-se» nos grupos LH, AF-KL, e IAG.
ALITALIA – Encontrou no Abu Dhabi e na Ethiad Airlines o parceiro ideal, a quem vendeu 49% do capital, continuando associada à Skyteam e ao grupo AF-KL (que detém 7% da Alitalia SAI, a nova sociedade). A gestão é comum e ambas operam a partir de três Hubs: Abu Dhabi, Roma e Milão. A Alitalia vai abrir a rota Veneza-Shangai, reforçando a presença no Oriente.
A Ethiad já incorpora a Air Berlin (20%), Aer Lingus (3%), Air Serbia (49%), Jet Airways (24%), Darwin Regional da Suiça (33.3%), etc. E continua atenta ao mercado. As prioridades do plano de recuperação da Alitalia, de 560 milhões de euros, visam reduzir custo-por-passageiro. Pessoal em excesso foi dispensado.
CSA CZECH AIRLINES – Em 2013 a antiga empresa checa cedeu 44% do seu capital à Korean Airlines, incluindo no acordo a renovação da frota. Os restantes 56% são da Czech Aeroholdings.
CYPRUS AIRWAYS – Uma parceria britânica entre 1947 e 1960. Após a independência de Chipre, o Governo ficou com 93% do capital. Operava seis aviões para 13 destinos, acumulando prejuízos desde 2009. Em 2012 beneficiou de 73 milhões de euros de apoio público. Sem amortizar, o governo anulou a licença de operador aéreo, provocando a suspensão dos voos em 9 de Janeiro de 2015.
MALEV – A empresa húngara de bandeira sofreu experiências fracassadas e em 2012 encerrou. A OLYMPIC AIR é a 3ª sucessora grega, adquirida em 2013 pela privada AEGEAN AIRLINES, numa privatização doméstica.