Sector contra aplicação de taxa turística em Lisboa
Primeiras reacções do sector turístico privado à proposta da autarquia da capital portuguesa.
Raquel Relvas Neto
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Depois de conhecidas as intenções da presidência da Câmara Municipal de Lisboa em aplicar, a partir de 2016, uma taxa de dormida no valor de um euro por pessoa e noite na cidade, assim como uma taxa de desembarque por passageiro tanto no aeroporto como no porto de Lisboa já a partir do próximo ano, algumas das associações do sector já manifestaram o seu descontentamento, como também alguns hoteleiros.
Em comunicado, a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) “manifesta-se frontalmente contra qualquer aumento da carga fiscal sobre a Hotelaria, independentemente da natureza e nome que venha a revestir, bem como de quaisquer taxas que penalizem a actividade turística”.
Sobre notícias que indicam que a associação colabora na criação de um fundo de desenvolvimento turístico, para o qual António Costa, presidente da autarquia, revelou que seria financiado pelas ditas taxas turísticas, a AHP esclarece que “em resultado da apresentação do “Plano Estratégico para o Turismo na Região de Lisboa 2015-2019”, a Câmara Municipal de Lisboa tem estado a desenvolver contactos com a AHP para aferir da disponibilidade em participar das decisões sobre o desenvolvimento turístico da cidade”. No que refere à cidade, a associação realça que está a ser equacionado um fundo “dirigido especificamente ao desenvolvimento turístico da cidade, em que a AHP admite negociar”, um modelo “ainda em estudo” que “poderá vir a viabilizar projectos turísticos estruturantes para a cidade de Lisboa, em articulação estreita com o sector privado”.
Contactada pelo Publituris, a AHRESP afirma partilhar das apreensões da Condeferação Portuguesa de Turismo (CTP) no que diz respeito à aplicação de novas taxas e impostos sobre o sector. Contudo, aguardam “esclarecimentos mais elaborados”, antes de se pronunciarem “com maior detalhe”.
Nuno Ferrari, director de vendas e marketing dos Olissippo Hotels, que detêm cinco unidades na capital portuguesa, revelou-se completamente de desacordo com esta medida do actual presidente da Câmara de Lisboa. Ao Publituris, o responsável disse que “Lisboa ainda não é uma cidade ao nível das grandes capitais europeias que se possa dar ao luxo de criar mais uma taxa para quem nos visita. Os preços praticados na hotelaria da capital, estão muito abaixo das suas congéneres em que esse tipo de taxa se aplica. Seria mau para os hotéis, para todos agentes turísticos envolvidos na actividade e obviamente para o cliente final pois esse custo, terá forçosamente que ser suportado por ele”.
Também o Grupo Altis, que conta com seis unidades hoteleiras em Lisboa, realça o seu descontentamento. Ao Publituris, Francisco Moser, director de operações da cadeia hoteleira portuguesa, refere que “o Grupo Altis opõe-se firmemente à aplicação de uma taxa turística na cidade. A hotelaria já sofre em demasia com o peso das diversas taxas que lhe são impostas. A maioria dos hotéis ainda não recuperou dos prejuízos de 2008/2010 e o aumento da oferta hoteleira, aprovada pela CML, irá baixar a ocupação e as receitas”. Por outro lado, acrescenta o responsável, “a situação periférica de Portugal traz-nos desvantagens concorrenciais que assim serão agravadas. Esta não será mais do que uma forma expedita da autarquia equilibrar as suas contas”.
*Actualizada às 11h30.