Pedro Costa Ferreira defende “melhoria dos serviços” e “formação”
O presidente da APAVT falou à Publituris sobre o seu mandato, a situação do sector e o futuro, pelo menos a curto prazo.
Patricia Afonso
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O Turismo tem estado a crescer e Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, faz um balanço positivo do sector.
Em entrevista à Publituris, o presidente da associação afirmou: “Primeiro grande balanço: o números são positivos, o sector é dos mais dinâmicos da economia portuguesa e as agências de viagem mantiveram ao longo do ano um papel chave e de absoluta charneira em toda esta história.”
Pedro Costa Ferreira defende, ainda, que é preciso “melhorar os serviços” e a formação dos recursos humanos, considerando que a construção de hotéis na última década criou “problemas muito específicos”, como as taxas de ocupação. Porém, reconhece mais-valias nesta construção, como o facto de ser “recente.”
Neste artigo deixamos-lhe, ainda, algumas das questões que fizemos ao presidente da APAVT, nomeadamente sobre os novos prazos de pagamento do BSP. Leia toda a entrevista na próxima edição da Publituris.
BSP: “UM MAU ACORDO É MELHOR DO QUE UMA BOA GUERRA”
Que impacto é que o novo período de pagamentos do BSP está a ter nas agências?
Em primeiro lugar, é uma negociação infeliz para a APAVT no sentido em que estamos a negociar condições de pagamento mais vulneráveis e uma comissão normal mais baixa. Então se são infelizes porque é que foram executadas? Porque foram absolutamente inevitáveis. Se fizermos o benchmark com o mercado europeu, Portugal estava claramente a pagar BSP mais tarde e a receber uma comissão normal mais alta do que a generalidade. Acresce uma condição particular: a APAVT fez um acordo com a TAP em 2004 de reajuste de comissões e definimos na altura, em que a comissão baixou de 4,5% para 1%, que teríamos dois mercados que serviriam de benchmark da situação portuguesa: o espanhol e francês. E no momento em que houvessem alterações significativas nesses mercados teríamos que voltar a dialogar.
Num segundo comentário, em relação ao espírito em que foram realizadas [as negociações]: claramente, um mau acordo é melhor do que uma boa guerra. Foi esse o espírito e por essa razão, mas também porque dialogámos com a TAP. Somos uma associação empresarial e, obviamente, defendemos os interesses dos agentes de viagem, mas esperamos fazê-lo com inteligência e não com demagogia. Sentimos que esta negociação era também fundamental para a TAP, que a adiou pelo tempo possível, e temos a consciência que defender os interesses dos agentes sem demagogia é perceber que também tem que haver aqui algum acordo e espírito de equipa com a TAP, infeliz que seja o resultado.
Finalmente, o resultado é um bom resultado, que poupa milhões de euros às agências de viagem, quer do ponto de vista da tesouraria, no caso do encurtamento dos prazos do BSP – que foi alargado no tempo; e no caso da comissão normal que também começa a funcionar bastante mais tarde. Como sempre um acordo tem sempre que ter cedências por ambas as partes e a poupança de milhões que os agentes fizeram, no fundo, foi a parte em que a TAP teve que ceder, demonstrando um espírito que é de assinalar.
Em relação às reacções, ainda é cedo para percebermos o efeito total. Neste momento, o efeito é ainda apenas ao nível dos prazos de pagamento e não da comissão normal, que ainda se mantém. Diria que é inevitável este encurtamento dos prazos de pagamento do BSP e que os agentes de viagem tenham que obter o mesmo efeito junto dos seus clientes.
Mas as agências estão preparadas para fazer este ‘pressing’ junto dos clientes?
Expresso uma dificuldade ainda mais clara: estão os nossos clientes preparados para pagar mais cedo? Esse é um problema do País e de todas as empresas.
Estamos a trabalhar juntamente com os agentes, como, por exemplo, na implementação em maior escala do cartão de crédito que provoca que as empresas possam pagar a um prazo e que os agentes possam receber mais cedo. Há maneiras de abordar essas dificuldades, que são reais.
A menor penetração do cartão de credito a nível europeu é em Portugal. A APAVT está, no sue capitulo aéreo, a tentar criar as condições para que as empresas utilizem mais o cartão de crédito.
Estamos ainda a acompanhar o grupo de trabalho no capitulo aéreo dedicado exclusivamente a estas questões dos pagamento do BSP. E temos a consciência de que há, neste momento, uma exigência em relação ao diálogo com os clientes. Os agentes de viagem têm que fazer os clientes perceber que estas são as condições de trabalho e todos temos que ajustar. Quando pergunta se é possível ajustar? É sempre possível ajustar, estamos fartos de o fazer a todos os níveis no nosso País e sectores económicos. O que acho que não será possível é ajustarem apenas os agentes. Houve um diálogo entre os agentes e a TAP, provavelmente também tem que haver um diálogo com cedências mutuas entres os clientes em geral e as agências. Será esse o output razoável de uma situação dessas.
Um dos seus pontos quando eleito na APAVT, era o facilitar dos vistos. O que tem sido feito nesse sentido, nomeadamente pelo Governo, e como vê esse trabalho?
É um tema de difícil diálogo porque é muito árido do ponto de vista do output. Fizemos já várias diligências. A questão dos vistos é diferente de país para país pelas condições e também porque as do comportamento do ponto de vista da reciprocidade é diferente. Há aqui, às vezes, exigências diferentes até do nosso outgoing, consequências da nossa política de vistos em relação a um determinado destino turístico.
Temos-nos desdobrado em discussões de casos concretos com vários países, que não gostaríamos de enunciar por respeito à relação com essas embaixadas, e também existe um grupo de trabalho que acompanha este assunto junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
É um tema muito árido porque não há pior problema para resolver entre duas partes quando ele não está resolvido e as partes estão de acordo em resolvê-lo. E porque é difícil de resolver. O que quero dizer é que quando colocamos os problemas que sentimos em relação aos vistos de determinados países, as embaixadas desses países e os Ministérios dos Negócios Estrangeiros em geral não podem estar mais de acordo que é necessário ultrapassar esses problemas.
Depois, muitas vezes, encontramos problemas de logística e de segurança, de cumprimento de regras do Espaço Schengen. Gostávamos que os problemas logísticos estivessem a ser resolvidos de forma mais célere e, se calhar, mais focada, mas temos consciência de que quando há recursos escassos, geralmente, ‘quem ralha é quem tem razão’. Mas não é necessariamente quem está mais próximo de encontrar uma solução ou contribuir para ela. Temos tentado não ralhar e colaborar para encontrar soluções. Estas serão sempre pequenas vitórias numa área que é crítica, mas não só para Portugal. Está identificada na OMT como a principal barreira ao desenvolvimento do Turismo no Mundo. São barreiras que exigem muito trabalho, tempo, mas que os output e pequenas vitórias são sempre isso mesmo. Também é verdade, e isso não nos deve deixar esmorecer, que muitas vezes não perduram no tempo. Às vezes, determinada relação com determinada embaixada nossa em algum país provoca consequências positivas a curto prazo, mas depois a situação acaba por se degradar e recebemos dos nossos agentes queixas de situações que temporariamente até ficaram resolvidas.