Macau: “A ideia não é recuperar. É crescer além do que já tínhamos em termos de turismo”
Depois de ter sido anunciado como local para o congresso da APAVT, em 2025, ser o “Destino Preferido” da APAVT, em 2024, e ter marcado presença na FITUR, em Madrid, a delegação do turismo de Macau também esteve na BTL 2024 para mostrar como pretende, mais do que recuperar, crescer.
Victor Jorge
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Ao Publituris, Maria Helena de Senna Fernandes, Direção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, reforçou a ideia da importância do turismo, a par do jogo, para a economia de Macau. “A pandemia veio alterar a realidade do turismo em Macau. E como todos sabemos, quando existe um problema como foi o da pandemia, o turismo é sempre a primeira atividade a sofrer impactos”.
Por isso mesmo, o Governo de Macau resolveu “embarcar numa política de diversificação”, já que durante a pandemia “tivemos a consciência que não podemos colocar os ovos todos dentro do mesmo cesto”, frisou Maria Helena de Senna Fernandes.
É precisamente essa a ideia e objetivo da plataforma “Turismo + de Macau que a diretora da DST identifica mais como uma “visão”, ou seja, “uma maneira de utilizar os nossos pontos fortes no turismo para potenciar o desenvolvimento dos diferentes setores da nossa economia”.
Assim, os primeiros “alvos” foram as atividades que estão mais próximas da atividade do turismo, identificando Maria Helena de Senna Fernandes “as convenções, incentivos, a cultura, o desporto, entre outros”. Contudo, o objetivo é ir mais além e “combinar o turismo com educação, viagens das crianças e dos estudantes, de modo que possam abrir os olhos, dar-lhes mundo e não se limitarem a aprender o que lhes é ensinado na escola”, ao mesmo tempo que a tecnologia terá um papel essencial nesta estruturação do turismo.
“A ideia é que o ‘Turismo +’ possa ser turismo mais qualquer coisa”, referiu a diretora da DST. “A estratégia de diversificação lançada pelo Governo quer combinar várias coisas, educação, tecnologia, wellness, saúde, finanças, desporto, cultura, convenções e incentivos. Por isso, o ‘+’ é mesmo ‘+’. O turismo funcionará como uma alavanca para ajudar todo o resto a evoluir”. Até porque, segundo Maria Helena de Senna Fernandes, “todo o resto precisa de mercado, precisa de gente, precisa de know-how, mas também de conectividade, ou seja, é preciso levar pessoas até Macau”.
A diretora do DST de Macau salienta que esta estratégia foi lançada no final do ano passado, pelo que “é impossível esperar resultados já neste momento. Este é o ano de arranque e penso que já estamos no bom caminho e com alguns pontos sólidos nesta estratégia. Claro que há necessidade de evoluir e evoluir com mais rapidez”.
Identificada que está a China como primeiro mercado e países asiáticos como a Coreia do Sul, Filipinas, Indonésia, Malásia como os que se destacam nas visitas a Macau, “se queremos ser um centro mundial no turismo, teremos de evoluir e posicionar Macau como tal. E para que isso aconteça, não nos podemos limitar à região asiática”, admite Maria Helena de Senna Fernandes.
E é neste abrir limites que a diretora da DST refere a relação com a APAVT e com Portugal, na medida que “estamos a discutir várias ideias e passos para potenciar esta ligação a Portugal e levá-la em direção a Espanha e depois para todo a Europa. A ligação à APAVT é fundamental até porque também nos abre as portas à ECTAA”.
Ou seja, Portugal é visto como “uma porta de entrada para atingir os nossos objetivos. Portugal está muito bem posicionado no turismo mundial e isso pode ser vantajoso para nós”. Mas também os países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão sob mira das autoridades do turismo de Macau, “explorando a ligação que existe entre todos eles e que pode ser uma mais-valia para Macau”.
No long-haul, Maria Helena de Senna Fernandes destaca, também, os EUA, “dado os muitos interesses americanos em Macau, sobretudo nos casinos”, admitindo, contudo, a diretora da DST que “não vêm fazer turismo, mas simplesmente para negócios”.
Por isso, Maria Helena de Senna Fernandes frisa que “é importante captarmos congressos da Europa para o nosso território, não só de turismo, mas de outros setores como a medicina, finanças, tecnologia”.
Com olhos postos na MITE – Macao International Travel (Industry) Expo -, a realizar de 26 a 28 de abril, a mudança está à vista, já que “queremos que a feira seja mais do que uma feira de turismo de lazer e se adeque à nossa estratégia de introduzir cada vez mais componentes diferentes”. No entanto, Maria Helena de Senna Fernandes enfatiza que a MITE “não serve somente para promover Macau para fora, mas também queremos que o exterior se promova em Macau”.
Quanto aos maiores desafios que Macau enfrenta atualmente, Maria Helena de Senna Fernandes identifica os voos diretos. “Ainda temos de trabalhar através de Hong Kong, é a ligação mais direta ou mais tradicional. No ano passado, lançámos um novo serviço direto de autocarro do aeroporto de Hong Kong para levar as pessoas para Macau, sem ter de passar pela imigração e sem qualquer custo”.
Por isso, “limpar os entraves que podem fazer de barreira à circulação das pessoas é fundamental. Mas trata-se de um trabalho contínuo, porque surgem sempre outras coisas. E embora Macau seja pequeno em dimensão, queremos chegar e ultrapassar os números atingidos em 2019 (cerca de 3 milhões de visitantes) o mais rapidamente possível”.
Para já, conclui Maria Helena de Senna Fernandes, “depois de termos tido um pouco mais de um milhão de visitas em 2023, estimamos ir além dos 2 milhões já este ano. Até porque a ideia não é recuperar. É crescer além do que já tínhamos em termos de turismo”.