Governo dos Açores espera que Ryanair “honre compromisso” e mantenha voos acordados
Apesar de reconhecer que a Ryanair quer “mesmo ir embora” dos Açores, a secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, Berta Cabral, espera que a companhia aérea mantenha os voos acordados para este inverno.
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A secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, Berta Cabral, disse esta quinta-feira, 24 de agosto, esperar que a Ryanair “honre o compromisso” que estabeleceu com o Governo Regional dos Açores e mantenha os voos acordados, apesar de se prever que exista uma redução de voos a partir do inverno.
“O que nós aguardamos é que a Ryanair honre o compromisso que assumiu connosco e coloque rapidamente na [sua] plataforma os voos que estão acordados”, afirmou a governante regional, citada pelo jornal Açoriano Oriental.
Berta Cabral, que falava aos jornalistas à margem de uma reunião com a Transinsular, revelou que existe um “entendimento” entre o Governo Regional dos Açores e a transportadora low cost irlandesa, que foi alcançado em reuniões com a presença da ANA Aeroportos e o Turismo de Portugal.
“Este entendimento parte de uma redução de voos, mas não queria falar dos detalhes do entendimento, uma vez que ainda estamos com o processo em aberto. No dia em que os voos forem colocados na plataforma, estaremos cá para falar da operação”, explicou a responsável.
No entanto, segundo o Açoriano Oriental, que cita um pesquisa realizada pela Lusa, a Ryanair não está a disponibilizar voos entre o continente e as ilhas de São Miguel e Terceira a partir de novembro.
Confrontada com esta evidência, Berta Cabral admitiu que a intenção da Ryanair é mesmo sair dos Açores, considerando, por isso, que esta não é uma questão de negociação.
“O propósito da Ryanair, desde o início, é mesmo ir embora. Gostava que se partisse desse pressuposto porque às vezes as pessoas pensam que é um problema de negociação. Não é um problema só de negociação. É um problema fundamentalmente de vontade de uma empresa privada”, assinalou.
A secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores revelou que, a cada reunião, a Ryanair surge “com mais uma dificuldade”, numa estratégia que, segundo a responsável, visa ganhar tempo.
“Levam tempos e tempos em que não nos dizem nada. Fazemos uma reunião e eles vão e voltam semanas depois com mais uma dificuldade. Estão a arranjar e a falar em dificuldades umas atrás das outras para ganhar tempo de decisão”, explicou.
Berta Cabral atribui a vontade da Ryanair de abandonar a operação dos Açores à situação do Aeroporto de Lisboa, que está “absolutamente congestionado” e sem “capacidade de atribuir mais ‘slots’”.
“As companhias todas estão a tentar otimizar os ‘slots’ que têm em Lisboa. A Ryanair sabe que com os ‘slots’ que tem para viajar para os Açores pode otimizá-los e ganhar mais dinheiro se utilizar essas autorizações para viajar para outros destinos”, vincou.
Apesar disso, o executivo açoriano pretende manter as negociações com a companhia aérea, apesar de Berta Cabral realçar que “existe sempre alternativa” e que, desde que a Ryanair anunciou a intenção de sair dos Açores, o governo regional já foi contactado por “companhias portuguesas para ocuparem o espaço” que a Ryanair deverá deixar vago.
Recorde-se que, a 27 de julho, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores tinha indicado que as negociações que “estavam no bom caminho”, esperando-se a manutenção da base da companhia no arquipélago.