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Eventos corporativos em crescendo

Os CEO de duas agências de viagens – Travelstore e Globalis – especializadas em viagens de negócios, Frédéric Frère e Fátima Silva, explicam o comportamento atual desta indústria, após uma crise que criou diversos constrangimentos, e num momento em que já se fala em alguma retoma.

Carolina Morgado
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Eventos corporativos em crescendo

Os CEO de duas agências de viagens – Travelstore e Globalis – especializadas em viagens de negócios, Frédéric Frère e Fátima Silva, explicam o comportamento atual desta indústria, após uma crise que criou diversos constrangimentos, e num momento em que já se fala em alguma retoma.

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Para Frédéric Frère, CEO da Travelstore “as viagens corporativas estão claramente a retomar e nas recentes semanas estão bastante acima das nossas expectativas, chegando pouco a pouco aos níveis de 2019.

Segundo o executivo, “tínhamos previsto uma redução estrutural de longo prazo no segmento de viagens de negócios, mas que afinal poderá ser inferior às nossas previsões”, e “quando questionamos as nossas empresas clientes sobre os motivos desta retoma significativa das suas viagens profissionais, a resposta que ouvimos é que, uma vez levantadas as restrições e havendo um regresso à normalidade, verificam que o contacto presencial faz muita diferença com a simples comunicação por via digital”.

Durante as restrições impostas pela pandemia, conforme recorda Frédéric Frère, “as empresas não tinham outra alternativa senão recorrer exclusivamente às plataformas digitais mas agora que recuperaram a liberdade de mobilidade, podem comparar os dois contextos e medir o retorno para o seu negócio”, para acrescentar que, “pessoalmente, acho que os dois são muito complementares – um pouco como já o era uma primeira conversa ao telefone antes de uma reunião presencial – e que de alguma forma as plataformas digitais vêm inclusive estimular os intercâmbios presenciais”.

Em relação à retoma das viagens individuais corporativas, Fátima Silva, CEO da Globalis, não tem a mesma opinião, destacando que está mais demorada. O que tem evoluído são os eventos corporativos. “As viagens individuais corporativas estão ainda mais atrasadas, e ainda não encontrámos o ritmo que tínhamos antes da pandemia, até porque algumas empresas optaram por manter o regime do teletrabalho”.

Assim, “começámos com o lazer, pois à falta das viagens corporativas as pessoas estão muito mais motivadas a viajar em lazer e até para viagens com mais qualidade e destinos mais longínquos, e não só para fins de semana ou escapadinhas, e com mais pedidos do que era anteriormente”.

E acrescentou: “Isto sem nunca deixar o nosso ADN, até porque somos uma empresa corporativa e não temos balcão. Portanto, o nosso lazer passa muito pelos individuais e empresas que trabalham connosco”

A Globalis – Viagens e Eventos Corporativos, é uma empresa com sete anos. “Resolvemos embarcar neste projeto porque já existia a Globalis Brasil. Pertencemos ao Grupo Arbo. Na altura, indica Fátima Silva, “fazia sentido ser uma agência de viagens especializada no corporativo, nomeadamente, nas viagens individuais, grupos de congressos, eventos, mas pouco nos incentivos. Achámos que fazia sentido e havia espaço no mercado para desenvolver esta atividade de forma mais especializada e de forma mais próxima do cliente. Assim, a Globalis abriu no início de 2015”.

Para além desta, a empresa também desenvolve outras áreas, através do programa de “Associated Partners”, para empresários em nome individual ou freelancers que precisam de apoio e de uma estrutura. Segundo a gestora, “não se trata apenas de agências de viagens. Temos muita gente que toda a vida organizou viagens para grupos de amigos, que tem paixão por viajar e gosta de organizar viagens, portanto, fazia sentido disponibilizar apoio e estrutura para trabalharem”.

Perspetivas para este ano
Quais as perspetivas para este ano? Chegam este ano aos resultados da pré-pandemia? Foram as questões que colocámos aos nossos entrevistados.

Para o CEO da Travelstore, “tudo indica que poderemos voltar a níveis muito próximos de 2019, embora com pesos distintos entre diferentes segmentos de negócio”.

Explicou que “tal como antecipávamos, a indústria dos eventos vai beneficiar da evolução dos formatos de trabalho porque tendo as empresas reduzido os seus espaços de escritórios e introduzido o modelo do teletrabalho, também sentem a necessidade de organizar eventos, juntando as suas equipas de forma a fomentar a cultura da empresa e manter a coesão entre pessoas. Ou seja, o trabalho remoto é também um fator que contribui para a dinamização da indústria das viagens de negócio assim como da indústria dos eventos”.

Já para a CEO da Globalis, “estávamos em pleno desenvolvimento quando em 2019, um ano muito bom para nós, um ano em que estava tudo a correr de feição, chega a pandemia, mas, felizmente, numa altura em que a empresa estava sólida financeiramente, com uma boa estrutura e um bom corpo de colaboradores. A pandemia apanhou-nos desprevenidos, mas conseguimos ultrapassar isso tudo porque, de facto, tivemos também apoios estatais. Não os podemos negligenciar porque foram importantíssimos, mas não tivemos necessidade de recorrer a empréstimos ou moratórias, porque a empresa estava sólida, e com os apoios que tivemos do Governo conseguimos nos manter, e aqui estamos hoje”.

Fátima Silva considera que, outra área que tem evoluído muito mais rápido do que a das viagens individuais corporativas, tem sido os eventos corporativos e viagens de grupos, mas muito no país, isto porque “as pessoas, obrigadas ao teletrabalho durante tanto tempo, estão cansadas de falar para um ecrã, e nós somos um ser social. Todos os motivos são hoje válidos para se estar presente num evento presencial, e fazem-se por tudo e por nada”.

“Nos eventos é importante o presencial e não só através dos meios digitais, porque tem muito networking, as pessoas precisam de tirar dúvidas, de comunicar. Felizmente isto está-se a verificar. Além disso, se antigamente havia eventos que não se faziam e acabavam por ser reuniões dentro das próprias empresas, hoje em dia tudo é motivo para os realizar fora. Tem sido, por isso, positivo”, esclareceu a gestora da empresa, que tem trabalhado muito com consultoras e grandes empresas que organizam eventos de verão e de Natal. Só que, apontou Fátima Silva, “aquilo que era planeado com grande antecedência, agora em 15 dias estão-nos a pedir uma série de coisas, situação que tem estado muito presente nesta fase da retoma”.

No entanto, há um certo otimismo da executiva em relação à recuperação. “Acho que se vai notar um crescendo, mas não de um dia para outro. À séria, com o mundo em paz, e que não haja este medo e perigo da guerra, penso que só no final deste ano ou princípio de 2023 é que deveremos chegar ao movimento e resultados de 2019”, estima a responsável, indicando que “não podemos esquecer que o início deste ano ainda foi de pandemia”.

Refira-se que a Globalis teve uma faturação de 10 milhões de euros em 2019 e este ano aponta para um volume de negócios à volta dos seis milhões, enquanto faturou quatro milhões de euros em 2021 e 2,5 milhões em 2020.

 

Tudo indica que poderemos voltar a níveis muito próximos de 2019, embora com pesos distintos entre diferentes segmentos de negócio”, Frédéric Frère (CEO da Travelstore)

 

Perfil do cliente evoluiu
Com a pandemia, o perfil do cliente, mais do que mudar, evoluiu. Esta é a opinião de Frédéric Frère.

Isto é, “muitas das expectativas dos clientes já existiam antes da pandemia, mas esta veio acentuar o seu nível de exigência relativamente a alguns aspetos que valorizam particularmente. Estes são a segurança e, aqui vemos que as TMC dotadas das capacidades necessárias, passaram a ser ainda mais valorizadas do que no passado pela sua capacidade de apoio ao viajante, sobretudo em circunstâncias de dificuldades. São também cada vez mais a respeito dos princípios “ESG” com particular enfoque no “E” (meio ambiente) sem desvalorizar obviamente os outros componentes da sustentabilidade corporativa. As empresas procuram trazer um contributo pro-ativo aos esforços de proteção do meio ambiente, aderindo a várias iniciativas que ajudam a transição para energias mais sustentáveis”.

Mas há mais: “as empresas continuam obviamente a procurar recorrer a parceiros que as ajudem a otimizar os seus orçamentos em viagem, particularmente em ambientes inflacionistas como os atuais em que seja expectável um aumento das tarifas de aviação e de alojamento. Uma capacidade de gestão coordenada que disponha de métricas fiáveis continua a ser um elemento muito valorizado pelos clientes”, acrescentou o responsável.

Sobre esta questão, Fátima Silva refere que “não é por causa do aumento dos preços que o mercado não compra, pelo menos ao nível dos nossos clientes”. Mas também concorda nessa alteração do perfil do cliente, pois, muitas empresas que não faziam eventos, passaram a fazer, um pouco na lógica de que é de acesso a todos. Além disso, é mais exigente porque teve muito tempo para aprender, e acima de tudo, está muito mais atento e consciente dos direitos de consumidor”.

Desafios da indústria
A indústria das viagens de negócios e dos eventos corporativos tem-se confrontado ao longo dos anos, segundo Frère, “com várias ameaças para não dizer crises de todo o tipo: epidemias e mais recentemente uma pandemia global cuja resolução ainda não é definitiva e, provavelmente, nunca o será totalmente, atentados terroristas, incidências climáticas e naturais (lembro o vulcão na Islândia há uns anos atrás), crises económicas e financeiras e naturalmente geopolíticas como a guerra que se iniciou recentemente entre a Rússia e a Ucrânia”. Este ano, acrescentou: “para além da saída da pandemia ainda não totalmente resolvida, surgem duas novas ameaças, a desta guerra aberrante – são todas – cujo desfecho é ainda muito incerto, e uma possível recessão económica internacional, consequência da tensão inflacionista que se está a registar um pouco em todo o mundo”.

Além disso, “toda a ambiguidade deste contexto é que atualmente as empresas do setor precisam de reforçar a sua capacidade de resposta e contratar recursos humanos, mas podendo estarem confrontados com nova contração da procura nos próximos meses”, defende o CEO da Travelstore, sublinhando que “o outro grande desafio ao qual todo o setor se confronta é claramente este dos recursos humanos, e isto a dois níveis: primeiro conseguir contratar pessoas de forma a proteger níveis de serviços, segundo estarem preparados para um agravamento dos custos laborais.

Na hora de reinventar
A Travelstore não precisou da pandemia para procurar se reinventar porque a antecipação à mudança faz parte do seu ADN. Mas, “a crise brutal que atravessámos nos estimulou ainda mais, em boa parte porque também ficámos com mais tempo para dedicar ao brainstorming. Acelerámos a nossa transformação digital, enriquecemos as propostas de valor das nossas diferentes áreas de negócio, e por fim, diversificámos os negócios para diluir a dependência dos negócios com maior peso”, disse o executivo.

Outro aspeto positivo “é que voltámos a pensar e atuar como uma startup em que todos se entreajudam para ir mais depressa e por um custo menor. É sabido que as crises são geradoras de oportunidades e julgo que esta última só veio reforçar esse princípio”, destacou o responsável.

Para a CEO da Globalis, “tivemos de nos adaptar. Passámos também a organizar eventos híbridos para os nossos clientes. Temos tecnologia e tentado sempre automatizar os processos de reservas e vendas. Implementámos mais ferramentas tecnológicas, mas o facto de termos tudo automatizado não quer dizer que sejam soluções para se vender mais, pelo menos neste momento. Desenvolvemos as redes sociais e novas formas de comunicar com os nossos clientes e com o mercado, e estamos em toda a parte onde o nosso cliente precisar”. A empresa acompanha o cliente de A a Z, seja em Portugal, seja no estrangeiro.

 

As pessoas, obrigadas ao teletrabalho durante tanto tempo, estão cansadas de falar para um ecrã, e nós somos um ser social. Todos os motivos são hoje válidos para se estar presente num evento presencial, e fazem-se por tudo e por nada”, Fátima Silva (CEO da Globalis)

 

Projetos em carteira
A Globalis tinha vários projetos em carteira que a pandemia fez adiar, mas que Fátima Silva faz questão de dizer que deverão começar a ser implementados no final deste ano ou no início do próximo.

“Colaboramos muito com o Grupo Arbo, mas ainda não trazemos clientes do estrangeiro para Portugal, projeto que estava para ser iniciado em 2020, mas com a pandemia acabou por ficar em banho-maria, mas que vamos retomar”.

Além disso “tínhamos uma ideia interessante e diferente, e que esperamos vir a retomar, que tem a ver com serviços de concierge de luxo, serviços direcionados para um determinado tipo de viajantes, como os expatriados, estrangeiros que compram casa em Portugal, que não têm estrutura familiar e necessitam de apoio e de alguns serviços, ou seja, pessoas que precisam de todo o apoio local num país que não é o seu”, realçou a gestora.

Este projeto, segundo Fátima Silva, pode complementar-se com o conceito “Jornada do Passageiro”, de forma que “as pessoas possam chegar e se identificar com a vida real de Portugal e dos portugueses sem ser através do tradicional tour e sem ser só nas grandes cidades”.

Finalmente, a agência, através de parceiros e do seu grupo no Brasil, está a preparar uma campanha para viagens ao Mundial de Futebol no Qatar (novembro e dezembro deste ano), “uma forma de retomar e estar presente”.

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Nauticampo aumenta em 11% o número de visitantes na edição de 2024

Realizada de 17 a 21 de abril, a 54.ª edição do maior evento dedicado às atividades outdoor juntou cerca de 17.500 visitantes.

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A Nauticampo de 2024, evento realizado de 17 a 21 de abril, registou um aumento de 11% no número de visitantes face a 2023, tendo totalizando cerca de 17.500 visitantes.

O maior evento dedicado às atividades outdoor em Portugal, uma organização da Fundação AIP, que promove a Navegação de Recreio, Desporto Aventura, Caravanismo e Piscinas, contou, nesta edição e segundo informação da organização, com 20% de novos visitantes.

Dos visitantes inquiridos, 94% mostraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos, sendo que 86% recomendariam a visita a amigos ou familiares. Entre os visitantes profissionais mais de 50% identificou oportunidades de negócios.

No setor do Campismo e Caravanismo estiveram em destaque as novas tendências como o glamping e o overland. Outras áreas muito valorizadas pelos visitantes foram as casas de madeira e as piscinas económicas e sustentáveis.

O gestor da Nauticampo, Miguel Anjos, destacou de forma bastante positiva a presença da oferta integrada de destinos náuticos, como o Município de Portimão, Albufeira, Faro, as Comunidades Intermunicipais das regiões de Aveiro e do Oeste, assim como a forte presença da Entidade Regional do Turismo do Alentejo (Nautical Alentejo).

Considerando que é um setor com “forte potencial e perspectivas de crescimento no futuro”, a próxima edição já tem data marcada, de 26 a 30 de março de 2025, na FIL, Parque das Nações.

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GR8 events ganha ouro e bronze e é eleita Rising Star Agency nos Global Eventex Awards

Pela primeira vez, uma agência portuguesa é considerada a melhor novidade no mundo dos eventos e do marketing de experiências, entre 1.207 candidaturas.

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A GR8 events foi distinguida nos Global Eventex Awards (GEA) como a Rising Star Agency do ano, o que equivale dizer que foi considerada a melhor novidade no mundo dos eventos e do marketing de experiências pelo júri que há 14 anos distingue as melhores práticas internacionais em dezenas de categorias no âmbito dos eventos e do marketing. Na edição deste ano estiveram a concurso 1.207 candidaturas, provenientes de 62 países e seis continentes.

Depois de, em menos de três anos, ter sido considerada a Melhor Agência de Eventos de Portugal e distinguida com duas presenças consecutivas (agora três) no Ranking da Eventex, a GR8 events vê agora a sua proposta de valor ser reconhecida novamente a nível internacional com um duplo ouro e duplo bronze.

O evento SIBS 40 Years Creating The Future, que já tinha alcançado o feito de ser finalista nos Best Event Awards World (BEA World), em 2023, recebeu agora o ouro na categoria Celebration Event.

Além do prémio máximo, a GR8 events, arrecadou também dois bronzes em categorias relevantes. A criatividade e a execução de excelência valeram a distinção, na categoria Ceremony, à primeira edição do Liga Portugal Awards, um evento realizado a 7 de setembro de 2023, na Alfândega do Porto.

Já a inovação tecnológica foi determinante para que o Calendário de Natal que a equipa da GR8 criou para a NTT Data conquistasse o bronze na categoria de Virtual Gamified Experience.

“Mais do que o reconhecimento da GR8 events, estes prémios são o triunfo merecido dos clientes que confiam em nós e nos dão a oportunidade de dar vida a ideias e de concretizar sonhos, nossos e deles”, reagiu com emoção Francisco Serzedello, CEO da GR8 events.

O duplo ouro e bronze atribuído pela Eventex à GR8 events surge numa altura em que a agência de eventos está em pleno processo de internacionalização e crescimento em mercados estrangeiros. “Estes quatro prémios, e sobretudo o duplo ouro, num evento com a reputação, a exigência e o alcance mundial dos Global Eventex Awards são a confirmação de que a GR8 tem muito valor para acrescentar além-fronteiras, bem como para trazer para Portugal mais eventos e com maior impacto”, concluiu Carina Ferreira, diretora Comercial da GR8 events.

 

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ATM termina com presença de mais de 46 mil profissionais do turismo

A 31.ª edição do Arabian Travel Market (ATM) 2024 terminou com um crescimento de 15% no número de profissionais do setor do turismo, totalizando mais de 46.000. A edição de 2025 tem datas marcadas de 28 de abril a 1 de maio.

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Mais de 46.000 profissionais da indústria do turismo passaram pelo World Trade Center do Dubai, no que foi a maior edição do Arabian Travel Market (ATM), confirmando a organização um crescimento de 15% no número de profissionais face à edição de 2023.

Deste total, informa a organização, 33.500 foram visitantes de mais de 160 países, correspondendo a uma subida de 11% face à edição do ano passado.

Danielle Curtis, diretora da Exposição ME, Arabian Travel Market, afirma estar satisfeita com os resultados e por “profissionais da indústria de todo o mundo se terem juntado a nós no Dubai para explorar a forma como a inovação e o empreendedorismo estão a moldar um setor do turismo mais eficiente, rentável e sustentável para as gerações futuras”.

Sob o lema “Capacitar a Inovação: Transformar as viagens através do Empreendedorismo”, mais de 2.600 expositores marcaram presença na feira deste ano, com a edição de 2025 a ficar marcada para 28 de abril a 1 de maio.

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“O defeito da Europa é ser demasiado conservadora”

Teodora Marinska, Head of Public Affairs, da Europan Travel Commission (ETC), considera que a “Europa tem atuado muito bem na recuperação do setor das viagens e turismo”, mas considera que é “demasiado conservadora”.

Victor Jorge

Na sua intervenção numa das primeiras conferências do Arabian Travel Market (ATM) 2024, a realizar no Dubai até 8 de maio, a responsável pelas Relações Públicas da European Travel Commission (ETC), Teodora Marinska, salientou a importância das viagens intra-regionais na Europa, admitindo que “estas foram a principal razão para o crescimento e recuperação do setor do turismo e das viagens na Europa”.

Contudo, Marinska salientou que a Europa “é demasiado conservadora quando toca à inovação e a apostar em novidades, ao contrário desta região [Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo] que tem inovado enormemente e isso é bem visível”.

Um dos pontos que Marinska destacou como fator diferenciador na Europa é, no entanto, a facilidade com os vistos e os acordos existentes no espaço Schengen que dão um forte apoio à recuperação do turismo.

“Facilitar a entrada nos diversos países é sinónimo de mais viajantes, mais turistas e isso traz, inevitavelmente, benefícios económicos para todos. Mas para que isto aconteça, existem infraestruturas que têm de estar preparadas para não dificultar esta transição fácil e fazer com que os viajantes pensem duas vezes antes de viajar para um destino”.

Assim, para Marinska, o próximo passo, “é digitalizar ao máximo certos e determinados processos que facilitem a entrada e transição entre países e não dificultem tudo”. A responsável pelas Relações Públicas da ETC deu como exemplo a digitalização do controlo fronteiriço que “é urgente colocar em prática”, admitindo que “será um processo feito por máquinas e não humanos, o que equivale dizer que deverá existir menos constrangimentos e, principalmente, filas nos aeroportos, algo sempre desagradável para quem viaja”.

Claro que Marinska destacou a componente da segurança como “fundamental” em todo este processo, “mas temos de nos colocar na pele do viajante”. Por isso, “todos países e estados têm de estar no mesmo patamar para que isto funcione sem constrangimentos”, admitindo que “se um dos stakeholders não acompanhar esta transição, haverá problemas em toda a cadeia.

No final, Marinska destacou os desafios que se colocam ao setor das viagens e turismo no futuro, indicando a “digitalização” e a “transição verde” como dois fatores a ter em conta. “Todos falamos de ‘overtourism’, mas o facto é que nem todos os destinos o sentem. Por isso, não são os destinos que não possuem ‘overtourism’ que têm de atuar. Estes só têm de preservar. Os destinos que têm, de facto, ‘overtourism’ contribuíram, em grande parte para o terem e, agora, têm o desafio de resolver esta questão”.

Marinska conclui que “a sazonalidade é um dos grandes problemas, mas essa poder-se-á resolver com a promoção de soluções e serviços diferentes que beneficiarão os destinos e as gentes que neles habitam”.

*O jornal Publituris está no Arabian Travel Market (ATM) 2024 a convite do Turismo do Dubai – Visit Dubai

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ATM começa com uma promessa na aposta no desenvolvimento da ferrovia na região

Na abertura da 31.ª edição do Arabian Travel Market (ATM) 2024, que se realiza até ao próximo dia 8 de maio, ficou a promessa de alguns dos responsáveis pelo setor do turismo do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo que a ferrovia será uma das próximas apostas.

Victor Jorge

O Golfo Pérsico é uma das regiões do mundo em maior desenvolvimento no que respeito ao turismo. Isso mesmo é possível confirmar na 31.ª edição do Arabian Travel Market (ATM) 2024 onde o turismo é, naturalmente, o ator principal. Numa das primeiras conferências que abriu este certame que se realiza no Dubai, o ministro do Turismo da Arábia Saudita, Fahd Hamidaddin, deixou a certeza de que assim permanecerá.

“Os países que compõem esta região (Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo – Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrain e Kuwait) aproveitaram a pandemia para investir fortemente no desenvolvimento do turismo e isso reflete-se nos dias de hoje, em que temos uma economia forte e que assenta no desenvolvimento da atividade económica. Não tivemos à espera que a pandemia passa-se para investir. Fizemo-lo durante estes tempos desafiantes e o futuro do turismo só beneficiará da aposta que fizemos ao longo deste anos”.

A partilhar o palco com o chairman da Autoridade de Comércio e Desenvolvimento do Turismo de Sharjah, Khalid Jasim Al Midfa; e a CEO da Autoridade para o Turismo e Eventos do Bahrain, Sarah Buhijji; o responsável pela pasta do turismo da Arábia Saudita deixou a certeza de que a próxima aposta passa pela ferrovia.

“A ferrovia será o próximo desafio e aposta”, avançou Fahd Hamidaddin, salientando que “temos de nos reinventar e reimaginar um setor do turismo e das viagens diferente do que temos tido até agora”.

“Cada vez mais falamos de sermos sustentáveis, de preservarmos o nosso meio ambiente, de criar novas experiências”, admitiu Fahd Hamidaddin. “Por isso, a ferrovia poderá ser uma dessas novas experiências que poderemos e devemos criar na região”.

Para o ministro do Turismo da Arábia Saudita, a ferrovia não deverá ser, contudo, somente um meio de transporte de ponto A para ponto B. “Não, a própria viagem de comboio terá de ser uma experiência, com carruagens distintas, únicas, a oferecer diversas experiências e que os turistas e visitantes poderão ter como um destino dentro do destino”.

Para tal, Fahd Hamidaddin destacou a colaboração que terá de existir entre todos os estados que compõem esta região, de forma a “oferecer um serviço, uma experiência diferenciadora e capaz de atrair mais turistas para a nossa região”.

*O jornal Publituris está no Arabian Travel Market (ATM) 2024 a convite do Turismo do Dubai – Visit Dubai

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Alojamento Local em Portugal vai ter o seu 1º congresso em outubro no Porto

O Alojamento Local em Portugal vai ter o seu primeiro congresso na cidade do Porto – Alfandega do Porto, nos dias 1 e 2 de outubro, promovido pela ALEP, revelou ao Publituris o presidente da associação, Eduardo Miranda, que diz ainda que é um “save date”, uma vez que os preparativos só agora começaram.

A Associação do Alojamento Local de Portugal (ALEP) vai organizar na Alfandega do Porto, nos dias 1 a 2 de outubro, o primeiro grande congresso do setor do alojamento local.

Segundo revelou ao Publituris o presidente da ALEP, Eduardo Miranda, o evento contará com a presença de oradores nacionais e internacionais numa parceria com a Vacation Rental World Summit um dos maiores eventos internacionais que decorre no mesmo local nos dias 3 e 4 de outubro.

A ALEP disse ao Publituris que será a semana do Alojamento Local , que promete trazer para Portugal alguns dos maiores especialistas do setor a nível mundial para discutir as tendências do Turismo e apresentar as inovações tecnológicas que vão marcar o futuro desta atividade.

A associação indica ainda que pagina do evento será lançada em breve e estará disponível em www.alep.pt

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Congresso da APAVT em Macau será de 2 a 5 de dezembro de 2025

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) anunciou, este segunda-feira as datas de realização do seu 50º Congresso Nacional, que como já era conhecido, será em Macau, em 2025. Assim, decorrerá de 2 a 5 de dezembro.

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O anúncio das datas ocorre um ano após a confirmação de Macau como o local do congresso, que foi comunicado na MITE (Macau International Travel Expo) de 2023.

Aproveitando a edição deste ano da mesma feira, onde a APAVT participou de novo, com o apoio da Direção dos Serviços de Turismo de Macau, liderando uma comitiva de cerca de 30 profissionais de turismo de Portugal, da CEAV (Confederação Espanhola de Agências de Viagens) e da ECTAA (Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos), consolidou com as autoridades turísticas de Macau estas datas.

Refira-se que o 50º Congresso Nacional da APAVT, em 2025, coincide com a celebração do 75º aniversário da Associação.

Entretanto, como também já foi revelado, o congresso da APAVT deste ano que, ocorre de 24 a 26 de outubro em Huelva (Espanha).

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“A promoção na Europa não pode ser só Macau”

Depois de anunciar a cimeira da ECTAA em Macau, em 2025, Maria Helena de Senna Fernandes, diretora da DST de Macau, admitiu que a promoção de Macau terá de passar por uma maior complementaridade de destinos e não limitar-se somente a Macau”.

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A promoção de Macau na Europa é uma realidade e a parceira com a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) tem contribuído para esta evidência. Maria Helena de Senna Fernandes, diretora da Direção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, explicou isso mesma durante a abertura da MITE – Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau, ao frisar que “a APAVT foi um grande parceiro durante muitos anos, mesmo antes da transferência [da soberania de Macau de Portugal para a República Popular da China em 20 de dezembro de 1999] até agora e ajudou-nos, para além de Portugal, a abrir a porta para a Europa”.

A vinda do congresso da APAVT e da cimeira da ECTAA para Macau, em 2025, é, por isso, vista por Senna Fernandes como “um passo importante e que temos vindo a realizar em parceria com a APAVT tanto nas iniciativas em Portugal [Roadshow e BTL] como em Espanha [FITUR]”.

Quanto às possíveis melhorias de conectividade entre Portugal e Macau, Senna de Fernandes admitiu que “esse é o nosso grande sonho”, revelando que “ainda não há muitos avanços a este nível, mas passo a passo, espero que as ligações melhorem”.

A caminho pode estar, no entanto, um voo da Air Macau com ligação a Istambul (Turquia) que a diretora da DST espera que possa acontecer “ainda este ano de 2024” e que é considerado como “mais um passo em frente”. “Estamos sempre de braços abertos, mas claro que as companhias aéreas têm os seus cálculos e nós percebemos esta situação”.

A melhoria, ou melhor, a facilidade de ligação de Hong Kong a Macau também foi assinalada como mais um passo para atrair os turistas a visitar Macau, além de Senna Fernandes considerar que “a forma como Macau está a promover-se na Europa também terá de ser integrada com outros destinos”.

“A promoção na Europa não pode ser só Macau, porque quem faz uma viagem de longo curso não está só à procura de um destino, também quererá visitar a China, Hong Kong, a Grande Bahia, por exemplo”, concluiu a diretora da Direção dos Serviços de Turismo de Macau.

*O Publituris viajou para a MITE – Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau – a convite da APAVT. 
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APAVT destaca “papel principal” da associação na promoção de Macau no mercado europeu

No dia da abertura da 12.ª edição da MITE, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, destacou o papel da associação no posicionamento de Macau no mercado europeu. A organização do congresso da APAVT e cimeira da ECTAA, ambas em 2025, são consideradas boas plataformas para a promoção junto dos diversos mercados da Europa.

Victor Jorge

A 12.ª edição da MITE – Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau – serviu para o anúncio da cimeira da ECTAA, bem com de Macau como “Destino Preferido” para 2025.

Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), referiu, no discurso de abertura e deste anúncio que se trata de uma “grande oportunidade de juntar um importante mercado de origem – Europa – e os destinos turísticos de Macau, fazendo essa extensão lógica a toda a China”.

Na realidade, a APAVT, que realizará o 50.ª congresso precisamente em Macau, em 2025, teve “o papel principal”, segundo o presidente das APAVT, no que será a realização da cimeira da ECTAA em Macau, frisando Pedro Costa Ferreira que “tivemos a ideia, colocámo-la primeiramente a Macau, tentando perceber se havia interesse, e havendo todo o interesse, colocámo-la ECTAA que respondeu, desde logo, de forma positiva”.

“Sentimos que existe um estreito laço de confiança entre a APAVT e o Turismo de Macau que, como todos os laços de confiança que são fortes, demorou algum tempo a reformar-se, mas que parece estar hoje no ponto fortalecer-se”.

De resto, Pedro Costa Ferreira salientou que a relação próxima entre a APAVT e Macau passa, justamente, por “Portugal constituir uma porta de entrada para a China, mas também Portugal ser visto como porta de entrada para a Europa. Se olharmos para a China enquanto mercado emissor, é só o primeiro mercado emissor mundial. Portanto, todos terão interesse em implementar este tipo de relação”.

Quanto ao que poderia aumentar o número de turistas portugueses em Macau, o presidente da APAVT é lacónico: “comunicação, comunicação, comunicação e, depois, estruturação de oferta”.

“A comunicação é fundamental porque a verdade é que Macau, apesar de tudo, quando se fala do Oriente, não está no top of mind dos portugueses”, considera Pedro Costa Ferreira. “Depois é preciso conhecimento e não foi por acaso que apostámos [APAVT] no e-learning”, até porque, de acordo com o presidente da APAVT, “os agentes de viagens costumam vender o que conhecem e sentem-se confiantes a vender o que conhecem. Portanto, sem conhecer fica mais difícil” e, por isso, a vinda de agentes de viagens à MITE “ajuda a conhecer a oferta existente”.

Já no que toca à estruturação de produto, “Macau não deve ser visto como um destino per si para o mercado emissor europeu, nem mesmo para o português”, admite Pedro Costa Ferreira, salientando que “o português pode ter um tempo médio de estadia um pouco mais prolongado em Macau, mas o que faz sentido é juntar Macau com outras realidades, sejam elas de pura praia, quer realidades mais culturais e mais recentes do ponto de vista das tradições do turista europeu, que é a própria China”.

Para isso, é, no entanto, necessária conectividade, assinalando Pedro Costa Ferreira que “um voo direto [Portugal – Macau] ajudaria imenso”.

*O Publituris viajou para a MITE – Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau – a convite da APAVT. 
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Tiger Team reclama infraestruturas de raiz para servir o MICE

João Moita, Managing Partner da Tiger Team, reclama infraestruturas de raiz em Lisboa para servir o segmento onde a empresa se posiciona, o MICE, designadamente um centro de congressos, hotéis de grandes dimensões e um parque de diversões, sem falar da falta de decisão sobre um novo aeroporto. De resto, diz que Portugal tem boa reputação no panorama internacional para este segmento.

Com mais de 30 anos nesta área do MICE, João Moita deixou a administração da Citur em dezembro de 2019, e desde janeiro de 2023 que é Managing Partner da Tiger Team, empresa formalizada em setembro de 2022 e composta por alguns dos ex-funcionários da Citur. “Já fez um ano e está a correr bem”, disse em entrevista que concedeu ao Publituris, explicando que se trata de um DMC puro que “se dedica ao turismo recetivo – grupos de incentivos, congressos e eventos corporativos e culturais, mas também ao outgoing, mas para grupos, e no segmento do Meeting Industry (MI).

“É uma lufada de ar fresco no mercado” sublinhou João Moita, que deu ainda a conhecer melhor a empresa que dirige. “Temos os eventos, os incentivos, as conferências, os grupos de especial interesse, e é esse mercado que trabalhamos. Temos escritórios em Lisboa e no Porto e somos todos profissionais devidamente reconhecidos e conceituados no mercado”. Um nicho que funciona praticamente o ano inteiro, e cuja sazonalidade não tem nada a ver com o segmento de lazer.

Esclareceu ainda que “continuamos na nossa luta lá fora à procura de novos mercados, que as pessoas realizem os seus grupos, os seus eventos e lançamentos de produtos em Portugal, bem como também temos uma divisão que é liderada pelo Rui Martins e que se dedica essencialmente aos grupos de incentivos para fora”, até porque, “com a nossa expertise também podemos realizar grandes eventos e grandes grupos lá fora e, nomeadamente, para empresas do mercado nacional, e tem sido uma receita que tem corrido bastante bem”.

Fácil de pronunciar nos mercados internacionais
A Tiger é uma empresa portuguesa, só de capital nacional, e a designação vem de Travel, Incentives, and Great Experiences, um nome que, segundo João Miota “é fácil de pronunciar nos mercados internacionais, porque continuamos a trabalhar não só os mercados de expressão portuguesa como o brasileiro, mas também temos os nossos mercados tradicionais como a Alemanha, a Inglaterra, França, um pouco de Itália, a Escandinávia, a Holanda que também vai fazendo uns pedidos e, portanto, estando no mercado global é bom ter um nome internacional, fácil de pronunciar e de decorar”.

A empresa, com pouco mais de um ano de existência ainda tem pouca história para contar, mas o facto da sua equipa ser muito experiente nestes segmentos, conhece bem os desafios que se colocam na área do MICE em Portugal. Diríamos até, os velhos desafios, uma vez que, nos últimos anos, muito pouco foi feito ao nível das infraestruturas que permitam que Portugal seja mais competitivo.

“A nossa ideia foi especializarmos numa área que já não é assim tanto nicho para o país, pese embora o facto de faltarem ainda algumas infraestruturas, particularmente neste nosso setor”, apontou o Managing Partner da Tiger Team, realçando que “queremos posicionarmos no mercado de grande qualidade, aliás, os incentivos que temos feito, alguns de grandes dimensões, são de muito bons clientes e de grandes brands internacionais e as pessoas buscam de facto qualidade, mas Portugal continua a ter algumas carências a nível das infraestruturas de apoio para este tipo de segmento, que qualifica bastante o destino. As autoridades deviam dar-lhe um pouco mais de atenção, porque pode também ajudar a que os participantes que veem, e são de qualidade, possam depois recomendar o destino ou virem inclusivamente com as suas famílias no segmento lazer”.

A nossa vantagem é que, mesmo sendo um país pequeno, temos uma multiplicidade de oferta muito pouco comum e inigualável em termos mundiais, porque oferecemos um bocadinho de tudo, mas não somos melhores em nada, tanto no continente como nas ilhas, esta é que é a realidade

A competição continua forte e a aumentar
João Moita reconhece que é uma história antiga, e neste momento, para além de termos como pano de fundo muitas incertezas, muitos problemas e guerras, “estamos num mercado global onde a competição, não só por turistas em lazer, mas por este segmento, continua a aumentar.

Defende que “o mercado está saturado, e precisávamos, para além das estratégias de marketing inovadoras que têm ocorrido, de dar atenção às infraestruturas. Continuo a dizer que não temos, em Lisboa, um centro de congressos de raiz, continuamos a não hotéis de grandes dimensões no país, ou seja, acima de mil quartos que, para este segmento é importantíssimo porque cada vez que há um movimento das 2, 3, 4, ou 5 mil pessoas são necessários 20 ou 30 hotéis o que é muito complicado em termos de logística e não nos tornamos tão competitivos no mercado global”.

E não só: “Outra coisa que nos faz imensa falta, e que existe um pouco por todo o mundo, é um parque temático onde se possa combinar lazer, reuniões, espetáculo, uma infraestrutura que há investidores dispostos a fazê-la e não se consegue, porque não encaixam nos PDM das câmaras municipais, ou porque não há vontade política”. O facto, avançou João Moita, “é que temos alguma dificuldade quando um grupo nos pede um local para se divertir, já não falo de uma Feira Popular, mesmo uma coisa mais pequena, e estou a lembrar, por exemplo, do Tivoli Park em Copenhaga, ou seja, mesmo cidades do norte da Europa, que não têm o nosso clima, oferecem este tipo de infraestruturas, e nós não”.

O responsável lembra que isso podia servir também para criar novos polos de atração e descentralizar um pouco os fluxos nos grandes centros urbanos. Salienta que Portugal tem potencialidades ímpares, nomeadamente condições naturais e do gosto em receber, mas a infraestrutura de apoio também faz falta e, com isto “ia chegar ao aeroporto, o principal do país que nos está a limitar brutalmente”.

João Moita considera que “no meu segmento, alguns dos grupos chegam ou saem em voos charters, mas voltamos à questão, há a alternativa de os levar para Beja, mas o ir buscá-los ou levá-los para além de caro é contraproducente do ponto de vista da proposta e da oferta porque, a nossa concorrência não está só em Portugal, mas em outros destinos, alguns emergentes, nomeadamente no leste da Europa que nos fazem grande competição e que são bastante aguerridos e flexíveis para captar este tipo de eventos”.

Na sua opinião “devia-se resolver a questão do novo aeroporto o quanto antes. Claro que o aeroporto de Lisboa é uma mais-valia, e dentro da nossa situação mais periférica relativamente à Europa, é uma vantagem termos o aeroporto no centro da cidade, porque o ponto a ponto torna-se muito mais rápido e conseguimos, se não forem norte-americanos, brasileiros ou de fora do espaço Schengen, coloca-los com relativa rapidez no destino ou nos hotéis, o que encurta a distância. Para além de ele estar saturado, de não haver slots e das companhias aéreas terem muita dificuldade no parque de charters, temos também o problema das horas de espera no controlo de passaportes que não ajuda muito a nossa reputação”, apontou o Managing Partner da Tiger Team ao longo da entrevista.

Delivery superior à expectativa do cliente
Face a essas dificuldades, que argumentos apresenta uma empresa como a Tiger Team para continuar a trazer para o nosso país grandes grupos de congressos, eventos e incentivos do estrangeiro? João Moita explica que “voltamos sempre à nossa segurança e ao nosso espírito de fazer. Portugal continua a ter um delivery superior à expectativa do cliente. Temos um hardware fantástico e se o tempo estiver bom as coisas correm muitíssimo bem. Temos segurança, a simpatia dos portugueses, os serviços não falham, as coisas são feitas a tempo e horas, os programas são bem elaborados e são consentâneos com aquilo que foi proposto”. No entanto, avançou que “há carências e falhas, nomeadamente quando apontamos para o segmento e mercado de luxo, há muita coisa que ainda faz falta e que destinos nossos concorrentes oferecem”.

“Não temos infraestrutura ou capacidade para tanta gente que nos visita e acho que era muito importante descentralizarmos um pouco dos grandes centros urbanos e criarmos polos de atração, nomeadamente no interior do país”, sugere.

Há carências e falhas, nomeadamente quando apontamos para o segmento e mercado de luxo, há muita coisa que ainda faz falta e que destinos nossos concorrentes oferecem

A Tiger Team concentra mais a sua atividade em Lisboa e no Porto, aliás onde possui escritórios, para, assim, poder acompanhar os seus clientes mais de perto. No entanto, numa altura em que se fala muito em sustentabilidade e em que os clientes, nomeadamente, as empresas querem realizar os seus eventos de uma forma cada vez mais sustentável e onde impera a natureza, “o interior do país pode ter uma palavra a dizer criando condições, e aí poderíamos fazer algo de interessante, mas mesmo assim tentamos fazer algumas coisas, dependendo da dimensão dos grupos”.

Olhar mais para o interior do país
No interior de Portugal, nomeadamente, na região do Alentejo, a empresa tenta sempre levar os seus grupos para mostrar a natureza, as artes ancestrais, desde o fabrico que queijo aos vinhos, e sua gastronomia “que é única”, bem como o artesanato, a arte chocalheira e o cante, que “correm muito bem”, frisou.

João Moita considera que “todas as nossas regiões se têm reinventado e feito um esforço para mostrar o seu potencial, a especificidade e o único que têm, mas precisamos de ver a montante, ou seja, o que pode ser feito para a captação de grandes eventos”.

Os clientes da Tiger Team, mesmo quando veem a trabalho, querem espairecer e conhecer o destino ao fim de dois ou três dias enfiados em salas de reuniões. Neste caso “é muito popular os grupos querem viver alguma experiência nas opcionais, como irem fazer uma aula de surf, aulas de yoga, e muitos escolhem tudo o que tem a ver com o ambiente e ar livre, muito mais do que uma visita panorâmica à cidade dentro de um autocarro. Aí vamos dando resposta porque temos esse hardware e o software aparece”, salientou.

João Moita recordou que Lisboa, por exemplo, recebe a Web Summit, mas com espaços adaptados porque não tem um centro de congressos de dimensão e criado de raiz, nem um aeroporto capaz de dar resposta à procura, bem como um parque hoteleiro de grandes dimensões. Reconhece que temos uma excelente oferta em termos de boutique hotéis e que tudo de novo que tem aparecido são unidades de grande qualidade, mas de pequena dimensão. “Um hotel vocacionado para o segmento onde atuamos, infelizmente, continua a não existir” acentuou, acrescentando que “a nossa vantagem é que, mesmo sendo um país pequeno, temos uma multiplicidade de oferta muito pouco comum e inigualável em termos mundiais, porque oferecemos um bocadinho de tudo, mas não somos melhores em nada, tanto no continente como nas ilhas, esta é que é a realidade”.

Setor quer ser mais ouvido
Assim, “acho que o turismo deve ser pensado de um modo diferente e, nós que andamos no dia-a-dia lá fora a bater portas e a tentar convencer os clientes internacionais a realizar os seus eventos em Portugal, devíamos ser mais ouvidos porque, sabemos o que o cliente procura e almeja e, por vezes, não há essa visão global do país”, salientou.

E continuou: “Não sei se isso se prende com razões políticas ou com falta de atenção por parte das entidades governativas”. O que João Moita reconhece é que Nuno Fazenda fez um bom trabalho, mas enquanto secretário de Estado do Turismo “se calhar estava limitado na ação”. Por isso, “pelo que o turismo já vale no PIB nacional, porque não termos um Ministério forte para definir, regular, pensar e fazer um esforço para juntar as várias entidades, para que o turismo seja mais desenvolvido, mais sustentado, haja uma atenção por todos os polos e todas as tipologias de negócio, e o que nos interessa mais”, questionou.

O objetivo da Tiger é continuar a crescer como uma empresa sólida e inovadora, quer nos conteúdos programáticos, quer nas propostas que apresentamos, bem como continuar a prestigiar Portugal e o destino

Selecionar os clientes pelo tipo de negócio
Por outro lado, o gestor da Tiger Team confidencia que “Portugal já se pode dar ao luxo de selecionar os clientes não só pelo preço, mas pelo tipo de negócio. Estrategicamente temos de pensar com alguma antecedência o que vamos fazer no futuro porque, estamos a esgotar a capacidade do país com estes quase 30 milhões que nos visitam. Já não temos infraestruturas para receber mais, mas temos território, temos país, pessoas interessadas, bons profissionais, então porque não descentralizar, puxar pelo interior, sair do litoral e das grandes cidades, e tentar que os grandes investidores e com os fundos que estão disponíveis, o façam”.

Neste caso, volta a afirmar que “se calhar precisamos de um ministro do turismo que esteja sentado no Conselho de Ministros para sensibilizar os seus pares e para estarmos de igual para igual com as outras atividades económicas, que são todas importantes”.

A Tiger Team tem colaborado com o departamento do Turismo de Portugal que se dedica à captação de congressos e eventos para Portugal. João Moita reconhece a total disponibilidade de Joaquim Pires que dirige o departamento. “A ajuda que nos dá é essencial e importantíssima”, mas considera que o próprio Turismo de Portugal precisava de mais meios financeiros para a captação de alguns eventos “que são difíceis e disputados num campo internacional muito forte, porque, alguns países são muito ativos nesta área”.

Para além do apoio financeiro que esta entidade tem dado às empresas que atuam na área do MICE “tem feito um bom caminho de abertura de portas. Com a equipa que tem e as ferramentas que possui, há um trabalho desenvolvido e que pode ser melhorado”.

A concorrência não é só em Portugal. O nosso entrevistado destaca que “temos de olhar para a nossa competição com outros destinos, e muitos deles emergentes, no centro da Europa, com infraestruturas excelentes e aeroportos funcionais. Estamos num mercado global e não é fácil porque, essa competição continua sempre a aumentar”. Assim, “temos que nos destacar e superar esses desafios, apostando na diferenciação”, até porque, conforme disse João Moita “temos uma capacidade inventiva fora do comum, adaptando algumas infraestruturas para algumas situações”.

Fabricar e depois destruir
O responsável contou-nos que tem em mãos um dossier de um evento para 2000 mil pessoas. “É sempre complicado, mas não digo que não se consiga fazer, mas sai muito caro, por tudo o que obriga em termos de licenciamento, logística, de construir infraestruturas, nomeadamente, usar tendas, e o cliente fica um pouco de pé atrás e pensa que será que vamos conseguir fazer o que está na proposta. Depois é tudo o que se gasta em audiovisuais, decoração, passadeira vermelha, ou seja, tudo tem de ser fabricado para o momento e destruído no final. É um desperdício de recursos e não podemos continuar com situações adaptáveis. Assim não somos competitivos”, reclama.

Boa reputação no panorama internacional
Apesar de tudo “Portugal tem uma boa reputação no panorama internacional, é visto como um bom destino”, e garantiu que “enquanto houver profissionais, vamos continuar sempre a inovar e a fazer cada vez melhor”, até porque “o objetivo da Tiger é continuar a crescer como uma empresa sólida e inovadora, quer nos conteúdos programáticos, quer nas propostas que apresentamos, bem como continuar a prestigiar Portugal e o destino”. Na parte da organização de eventos a aposta “é levarmos a nossa expertise e o nosso savoir faire para outros destinos, o que temos conseguido com bastante sucesso”, realçou João Moita.

E concluiu referindo-se à empresa que dirige: “Não queremos este mundo e o outro, não queremos ser os maiores, mas sem diferentes, visando a satisfação dos nossos clientes, que saiam daqui apaixonados por Portugal e queiram voltar”.

Sobre o autorCarolina Morgado

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