VisitAzores Tourism Forum conclui: futuro está na não massificação e sustentabilidade
Os Açores recusam ser um destino massificado e, em contrapartida apostam no reforço da sustentabilidade. Algumas das conclusões do VisitAzores Tourism Forum, que refletiu sobre o futuro do setor na região.
Carolina Morgado
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Os Açores não podem tornar-se num destino turístico massificado. O número de visitantes a locais estratégicos tem de ser controlado, pois só assim será possível garantir ou mesmo reforçar a sustentabilidade do território. Estas foram algumas das conclusões do VisitAzores Tourism Forum, que refletiu sobre o futuro do setor na região.
A iniciativa, que contou com a participação de especialistas ligados ao turismo e não só, mas também de diversas entidades regionais, destacou também que a região tem de ser comunicada como um produto de experiências singulares, e que é decisivo reforçar a aposta na digitalização e na formação.
“Precisamos no país e, também na região, de dar um passo muito significativo e qualitativo na matéria do inquérito e do conhecimento dos que nos visitam e das experiências que valorizam aqui nos Açores”, afirmou o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, que encerrou a edição de estreia do VisitAzores Tourism Forum, acrescentando que “isto bem esclarecido, bem informado, bem explicado, nos permitirá ter a adesão e a empatia desta gestão e controlo da nossa oferta turística, sobretudo aquela mais relacionada com a natureza frágil que temos para oferecer aos nossos visitantes.”
No evento, foram ainda identificados os desafios que a região enfrenta ao nível do setor do turismo. Neste sentido, a ATA – Associação Turismo dos Açores está determinada em desenvolver, como sublinhou Luís Botelho, o seu diretor executivo, ações que contrariem a massificação dos principais pontos de interesse turístico.
“Os Açores podem começar a pensar em limitar a entrada de não residentes, impondo o pagamento de uma taxa de emissão de visto, que varie de acordo com a duração da estada (quanto maior a duração menor o valor), que pode ser investida na melhoria da rede de transportes públicos, da rede de abastecimento de energia elétrica e na conservação dos locais de interesse turístico” , afirmou o responsável, indicando ainda que “estas e outras medidas são de extrema relevância para os Açores, que se desejam ainda mais sustentáveis, tanto a nível social, como económico e ambiental.”
Já o secretário Regional do Turismo, Mário Mota Borges, destacou que “fomos a região do país que mais cresceu em número de dormidas nos nove primeiros meses do ano” para garantir que “em 2022, teremos uma diversidade inédita de companhias aéreas a voar para os Açores, consolidando a região como um destino de natureza e experiencial, que se diferencia por um modelo de turismo sustentável. Um destino singular, cuja proposta de valor assenta na sustentabilidade, nas suas qualidades naturais, nas pessoas e nas tradições das diferentes ilhas.”
Investir na digitalização do sector é o caminho
Quanto ao futuro, Mário Mota Borges, realçou que “teremos de investir na digitalização do setor. É fundamental caminharmos para um modelo de turismo inteligente, em que as decisões sejam suportadas por dados fidedignos e atualizados”
O responsável pela pasta do Turismo nos Açores acredita, conforme revelou, “na importância desses dados para prosseguirmos uma estratégia de diversificação e de valorização do destino, com dispersão dos fluxos turísticos por todas as ilhas e, tendencialmente, ao longo de todo o ano.”
Carolina Leñero viajou até aos Açores para apresentar a estratégia de turismo que a Costa Rica tem desenvolvido nos últimos anos e que até permitiu ao território da América Central receber o prémio de Melhor Marca País do Mundo. Para a Diretora da Marca País da Costa Rica, “o país perfeito não existe. Temos de construí-lo através dos nossos valores, das políticas públicas, da nossa cultura, da nossa identidade. Costa Rica é muito mais do que a natureza camufla e estou convencida que os Açores são iguais.”
Para além de outras intervenções, como José Filipe Torres, CEO da Bloom Consulting, ou de Carolina Leñero, diretora da Marca País da Costa Rica, Sérgio Carvalho, diretor de marketing da Fidelidade, Óscar García-Cosuegra, Audience & Data Director da CAETSU TWO, Paulo Humanes, diretor da Unidade Automóvel, Mobilidade e Cidades do CEiia, Gonçalo Trindade, da Direção Regional da Ciência e Transição Digital dos Açores, também Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, sublinhou que “é importante ter a perceção do que as pessoas que nos visitam procuram, para perceber se estamos a ir ao encontro do que são as suas expetativas.”
O dirigente do Turismo de Portugal fez ainda questão de recordar que “90 e muitos por cento do que é o tecido empresarial do setor do turismo é composto por micro e pequenas empresas, com importantes desafios ao nível da capacitação e recursos disponíveis, para fazer face aos desafios. Por isso, se não fizermos bem o trabalho de casa em termos de intervenção do território, com preparação e capacitação, e se não promovermos uma boa articulação entre todos os atores que nele intervêm, não estamos a preparar-nos para receber da melhor forma os turistas que nos visitam.”