Conversas à Mesa | Filipe Macedo
Filipe Macedo, director regional do Turismo dos Açores, foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no restaurante Olivier Avenida.
Carina Monteiro
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Filipe Macedo, director regional do Turismo dos Açores, foi o convidado do Conversas à Mesa que decorreu no restaurante Olivier Avenida.
Filipe Macedo é um rosto recente no Turismo. Assumiu há pouco mais de mês e meio o cargo de director regional do Turismo dos Açores. Mas o Turismo não é uma novidade na vida deste economista, como nos dirá mais frente, numa conversa que percorre os seus 39 anos de vida.
Nascido em Ponta Delgada – a pronúncia não engana- Filipe Macedo cresceu entre a cidade e o campo, no concelho vizinho de Lagoa, um concelho agrícola, onde o avô tinha ligação à produção de uvas e citrinos. Entre os três e os seis anos viveu na Alemanha, para onde a mãe foi trabalhar. Quando ele e os pais regressaram, o pai esqueceu-se de inscrevê-lo na escola portuguesa, mas a situação ficou resolvida com a inscrição no Colégio São Francisco Xavier, em Ponta Delgada, instituição que frequentou até ao 6º ano.
Como é que é crescer nos Açores? “Para já é óptimo”, responde prontamente. “Não sofremos determinadas pressões que se sofre em locais mais desenvolvidos, mas tem o contraponto de o progresso não chegar tão rápido”. No entanto, reconhece que a ida para a Alemanha não o fez sentir o afastamento dos grandes centros urbanos. “Acaba-se por ter a percepção que afinal o mundo é um pouco maior do que aquela realidade que é rodeada pelo oceano”.
Voltando à escola, desde cedo soube em que área gostaria de se formar. Economia. Talvez o facto de o pai ter trabalhado no sector bancário, ou as recordações que tem, desde miúdo, de ter contacto com o dinheiro físico, ajudem a explicar a escolha. Algo que não se alterou, nem com a pressão da mãe para seguir Direito.
Em 1995, entrou em Economia na Universidade Nova de Lisboa, com 18 anos. “Nessa altura estava muito em voga os MBA. Mas, sinceramente, não tinha vontade de continuar a estudar depois de concluir a licenciatura. O meu curso já tinha sido bastante teórico, tinha vontade de concretizar coisas”, conta.
Estava decidido a ter uma experiência no estrangeiro. A seis meses da conclusão do curso, começou a trabalhar nisso, fez cartas de apresentação, concorreu a propostas de trabalho e entrevistas. Na mesma altura, início de 2000, os Açores viviam um clima económico bastante robusto, a economia crescia, havia incentivos ao investimento na área do Turismo.
Tinha propostas de consultoras, de uma entidade bancária, mas a melhor proposta de trabalho chegou dos Açores, proposta que acabaria por aceitar. Mas, por pouco, o rumo teria sido completamente diferente. No próprio dia em que despachou a bagagem para São Miguel, recebeu um telefonema de um banco com uma vaga perfeita para si: trabalhar no escritório de Londres e Espanha. De malas feitas para os Açores e já com uma proposta de emprego, recusou. “Uma das coisas que a carreira profissional e a idade me têm ensinado é a tornar-me cada vez mais adaptável. Ou seja, antes definiam-se objectivos muito rígidos e dificilmente se mudavam estratégias, actualmente já é mais fácil proceder a uma reanálise ao longo do tempo”.
PERCURSO PROFISSIONAL
A empresa açoriana era a Marques Lda, a empresa que construiu hotéis e introduziu a marca Holiday Inn nos Açores.
Em 2003, surgiu a oportunidade de mudar para outro sector de actividade e começou a trabalhar na empresa Electricidade dos Açores, num gabinete recém-criado para trabalhar com a Entidade Reguladora. Ao fim de três anos, recebeu novo convite. O Governo Regional decidiu criar a Agência de Promoção do Investimento (APIA) e convidou o presidente da Electricidade dos Açores para liderar o projecto. Este, por sua vez, identificou algumas pessoas para trabalhar com ele, Filipe Macedo era uma delas. Nos quatro anos seguintes participou na criação da Agência.
Foi em 2010 que Filipe Macedo foi convidado a participar na gestão das administrações portuárias dos Açores. Novo sector, novo desafio, com alguma relação ao Turismo, em virtude dos cruzeiros. O convite incluía o desafio de proceder à fusão de quatro empresas que administravam os portos. Um desafio que Filipe Macedo afirma ter sido “muito aliciante” por juntar diversas empresas regionais com realidades diferentes em cada uma das ilhas.
Ao mesmo tempo que se deu este processo interno de fusão das empresas, Filipe Macedo acompanhou e ajudou a desenvolver o turismo de cruzeiros. “Em 2008 foi feito um esforço grande de melhoria e criação de infraestruturas de acolhimento de navios de cruzeiro, com a criação das Portas do Mar. Nessa altura, tínhamos à volta de 50 escalas, mas havia margem para aumentar esse número. Definimos um plano de acções que incluía a participação em feiras. Criámos um grupo de trabalho coeso com os outros Portos de Portugal e fizemos uma acção de porta a porta no Sul de Inglaterra”, recorda.
A relação com os Portos dos Açores terminou em 2015, mas Filipe Macedo faz um balanço: “Partimos de 50 mil passageiros e 50 escalas em 2010 para 156 escalas e 135 mil passageiros em 2016.”
Já a falar como director regional do Turismo, afirma que gostaria de, no futuro, associar a promoção que se faz no Turismo à promoção do turismo de cruzeiros, ou seja, “estender o apoio do Turismo dos Açores ao esforço que é feito pela administração portuária”.
TURISMO DOS AÇORES
Depois de cessar a relação com os Portos dos Açores, em Julho de 2015, Filipe Macedo voltou à Electricidade dos Açores, onde é Quadro Superior. A eleição do novo Governo Regional dos Açores, em Outubro do ano passado, e as posteriores nomeações trouxeram uma boa notícia. “Fiquei a saber que uma grande amiga e antiga colega foi convidada para ser titular da pasta do Ambiente, Energia e o Turismo”, conta. Filipe Macedo e Marta Guerreiro conheceram-se no primeiro dia da universidade. Ela alentejana, ele açoriano, enfrentavam os mesmos desafios que enfrenta um aluno deslocado.
No que dia em que soube da nomeação, Filipe Macedo estava em Lisboa, e somente ao final do dia conseguiu ligar para felicitar a amiga. Foi nesse telefonema, que recebeu o desafio de integrar o Turismo dos Açores. Passado o momento inicial de conhecer as equipas e a orgânica da Direcção Regional, Filipe Macedo traça alguns objectivos. Mas, antes, aponta o excelente momento que o sector atravessa, com taxas de crescimento sempre superiores a dois dígitos que dificilmente serão mantidas no longo prazo, reconhece. O processo de notoriedade do destino é para continuar, assim como a qualificação das infraestruturas e dos recursos humanos. O Turismo dos Açores gostaria ainda de aumentar a capacidade de oferta a nível da animação turística.
BODYBOARDER NOS TEMPOS LIVRES
Casado e com dois filhos, Inês, de 11 anos, e João, com 9, a rotina familiar de Filipe Macedo ficou um pouco alterada com as novas funções, mas nada de muito grave. “Os meus filhos estão habituados a alguma mobilidade e até brincam com a situação, não são muito “prendidos” e a determinada altura até perguntam: Não sais esta semana?”. As saídas são agora semanais. “Passo cerca de dois, três dias na Horta, onde está a minha equipa, e o restante em Ponta Delgada, onde está a sede da Secretaria Regional, ou eventualmente viajo para fora”. O fim-de-semana é dedicado à família. Nos tempos livres é praticante de bodyboard, futsal e corre. A corrida é mesmo a actividade que consegue cumprir com mais frequência, e um gosto recente, descoberto há pouco mais de ano e meio.
A conversa já vai longa, mas termina com aquilo que Filipe Macedo valoriza mais no trabalho e nas equipas. “Defendo uma flexibilidade muito grande das equipas”, ou seja, “aprecio mais a disponibilidade, do que propriamente o cumprimento do horário”, explica. Pratica horários desfasados, porque durante o dia tenta dedicar tempo e atenção à equipa e acaba por fazer o seu trabalho à noite. “Nos Portos queixavam-se que tinham de desligar o telefone porque as mensagens estavam sempre a chegar”. “Não gosto do termo ‘workaholic’, mas quando assumo um projecto com determinada responsabilidade, coloco tudo o que tenho nele, depois tenho que conciliar com a equipa e com as motivações maiores ou menores que possam existir. Não me choca que uma pessoa desempenhe um determinado trabalho ou tarefa em casa, agora se foi combinado um prazo, convinha que fosse nesse dia”, conclui.
Restaurante Olivier Avenida
Situado numa das mais emblemáticas zonas de Lisboa e com uma decoração elegante e romântica o Olivier Avenida reflecte o ambiente trendy e cosmopolita da capital. Neste espaço com cozinha de inspiração mediterrânica é possível degustar alguns dos mais afamados pratos do Chef Olivier nomeadamente a exclusiva picanha de kobe ou o Linguini com parmesão e trufa preta. Desde o dia 1 de Outubro voltou o Brunch de Domingo que reúne as especialidades de diversos espaços de Olivier. Das 12.30h às 14.30h é possível degustar uma vasta selecção de iguarias, entre as quais, pães e croissants, panquecas, selecção de queijos, presuntos e carnes laminadas, ovos mexidos e escalfados, dois pratos quentes e ainda sushi e sashimi e sobremesas diversas.