“A liberalização foi benéfica para o mercado e também para a SATA”
Paulo Menezes é o presidente do Conselho de Administração da SATA há um ano. Na sua primeira entrevista ao Publituris, o CEO da companhia açoriana faz o ponto da situação da empresa. Os resultados estão a melhorar e a companhia espera a chegada de aeronaves da nova geração. Também há novidades na abertura de novos destinos.
Carina Monteiro
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Paulo Menezes é o presidente do Conselho de Administração da SATA há um ano. Na sua primeira entrevista ao Publituris, o CEO da companhia açoriana faz o ponto da situação da empresa. Os resultados estão a melhorar e a companhia espera a chegada de aeronaves da nova geração. Também há novidades na abertura de novos destinos.
Disse, quando assumiu funções, em Dezembro de 2015, que o maior desafio passava por evitar sobressaltos e garantir estabilidade. Passado quase um ano, qual é o balanço que faz? Em que fase está a companhia neste momento?
Antes de mais, gostaria de referir que o Grupo SATA é composto por diversas empresas, mais precisamente seis, entre as quais estão as duas companhias aéreas, SATA Internacional – Azores Airlines e SATA Air Açores. Garantir estabilidade é muito importante para uma empresa. No fundo, o que queria dizer é que pretendia dar passos muito seguros e assertivos evitando avanços e recuos. Este ano de 2016 tem sido de muito trabalho e de mudanças que influenciarão sobremaneira o seu futuro. Tivemos que dar forma ao projecto da marca “Azores Airlines”, a qual reafirma o posicionamento da SATA Internacional como companhia de destino. Recebemos uma nova aeronave – o A330 – que veio reforçar a nossa presença no mercado da América do Norte. Fomos distinguidos no Randstad Award 2016 como uma das 20 empresas mais atractivas para se trabalhar em Portugal. Fomos agraciados pela Fundação AIP com a Menção Honrosa Nacional Melhor Stand BTL 2016. Este foi o ano em que celebrámos o 75º aniversário da fundação da SATA, a transportadora aérea mais antiga de Portugal. Mas, sem qualquer dúvida, este ano foi marcado pela revisão do nosso plano operacional que vai dar conteúdo à revisão do Plano Estratégico do Grupo SATA. Pretendemos levar os Açores ao Mundo e trazer o Mundo aos Açores através de uma rede mais robusta e mais eficiente, com aeronaves da nova geração como serão os A321-NEO-pLR, os quais começarão a chegar já no final do próximo ano. A SATA e os Açores estiveram nas “bocas” do mundo pelas melhores razões, o que muito nos orgulha. O balanço de 2016 é claramente positivo, com a empresa a melhorar significativamente os seus resultados operacionais. Precisa de continuar a trabalhar muito para levar em frente o seu plano operacional e, através dele, tonar-se mais eficiente e competitiva.
Como é que a SATA Internacional – Azores Airlines estima terminar o ano de 2016? Em 2015, conseguiram uma redução do prejuízo do grupo SATA de 35 milhões para 22 milhões de euros.
A SATA Internacional Azores Airlines fechou o mês de Setembro com um EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) acumulado positivo, algo que não acontecia nos anos mais recentes. O último trimestre é crítico numa indústria tão sazonal como é o transporte aéreo, sobretudo em mercados como aquele em que operamos. Por isso, temos consciência que, no final do ano, teremos uma grande recuperação face a 2015 mas, infelizmente, ainda com resultados negativos.
Como é que correu o Verão para a companhia?
O EBITDA positivo da SATA Internacional Azores Airlines acumulado a Setembro deve-se essencialmente a um Verão muito bom em termos da procura e da rendibilidade. Voámos mais, transportámos mais passageiros e conseguimos uma receita média superior.
Quantos passageiros vão transportar em 2016?
Face ao acumulado à data e à estimativa de reservas até ao final do ano, o Grupo SATA vai transportar cerca de 1,5 milhões de passageiros no ano 2016, mais 15% do que no ano anterior.
O número de passageiros que viajam pela SATA tem acompanhado o crescimento do número de dormidas do destino?
Ambos os crescimentos – passageiros da SATA e dormidas no destino Açores – são da ordem dos dois dígitos, se bem que o número de dormidas seja superior em alguns pontos percentuais.
EUA
Como é que correu a rota nova para Providence operada durante o Verão? Previam uma grande procura. Vai ter continuidade?
A rota de Providence teve um resultado acima das expectativas, tendo em conta que foi lançada com pouca antecedência em relação ao seu início e dada a sua caraterística mais acentuada da direccionalidade do tráfego. É uma rota sazonal, para continuar no próximo Verão, desta vez comercializada com suficiente antecedência. Enquanto que, em 2016 fizemos 20 voos (10 rotações), faremos 36 voos (18 rotações) em 2017.
E o reforço para Boston?
Tínhamos aumentado a oferta significativamente, até pela entrada do A330 que tem maior capacidade, e a resposta foi muito positiva, tanto em número de passageiros transportados como na receita média. No global das rotas dos Estados Unidos da América, o nosso crescimento acumulado a Setembro foi de 26% em termos de passageiros transportados e de 31% na receita. Aproveito também para referir o mercado do Canadá, onde registámos o interessante crescimento de 9% no mesmo período.
Inverno IATA
Quais são as novidades da SATA para o Inverno IATA?
O Inverno IATA 2016-17 já está a decorrer. Como novidades, tivemos um reforço da oferta nas rotas domésticas na ordem dos 20%, comparativamente ao ano anterior, nomeadamente nas ligações a Lisboa, Porto e Funchal. Passámos a oferecer no mínimo três frequências diárias entre os Açores e Lisboa, com horários mais convenientes, e uma frequência diária ao Porto. No caso da Madeira, duplicámos a nossa oferta, passando a operar quatro frequências por semana. Mantemos a nossa ligação semanal a Frankfurt e duas ligações com as Canárias. Em relação à América do Norte (Estados Unidos e Canadá), a nossa oferta é 11% superior à disponibilizada na estação homóloga anterior. No global da oferta da Azores Airlines para o Inverno IATA 2016-17, o crescimento é de 15% e estamos a ter uma boa resposta da procura. Quanto à oferta nas ligações no interior da Região Autónoma dos Açores, houve a reformulação de alguns horários, de modo a servir melhor as pessoas, tanto nas ligações entre as ilhas como com o exterior da Região.
Qual é o reforço das operações em 2017 para os EUA e para o Canadá?
Vamos aumentar a nossa oferta na ordem dos 30% em ambos os mercados. No Verão, estaremos a operar duas frequências diárias para os Estados Unidos e oito por semana para o Canadá, com pelo menos uma frequência diária.
Barcelona e Cabo Verde
Em 2017 vão lançar algum destino novo? O que podemos esperar da companhia em 2017?
Em 2017, a SATA terá dois novos destinos: Barcelona, a partir do início do Verão IATA, e Praia (Cabo Verde), a partir de Junho. Estes destinos terão ligação directa a Boston, com escala nos Açores. A SATA vai ainda reforçar a sua oferta na América do Norte, com mais frequências e lugares, mantendo as operações sazonais em Providence, Oakland (Califórnia) e Montreal, bem como os voos non-stop entre Boston e Lisboa e entre Toronto e o Porto. Em relação às ilhas da Macaronésia, haverá um reforço nas ligações com a Madeira, chegando a um voo por dia na época alta, e teremos quatro voos non-stop entre Ponta Delgada e a Gran Canária, todos oferecendo ligações com a América do Norte. Em relação à Europa, além do novo destino Barcelona, vamos concentrar as operações da Alemanha em Frankfurt, operando três frequências semanais no Verão IATA e continuaremos a operar Londres uma vez por semana. No total da sua oferta, a SATA Internacional – Azores Airlines, colocará no mercado em 2017 mais 28% da capacidade que ofereceu em 2016. Ao mesmo tempo dará início à sua estratégia de reforço da rede, através de mais frequências e maior conectividade, estratégia essa que pretende prosseguir com maior enfoque nos anos seguintes, através da nova frota A321-NEO. Quanto à oferta no interior da Região Autónoma dos Açores, que tem beneficiado do aumento do tráfego nas ligações com o exterior, também será aumentada na ordem dos 15%, com vista a suportar o encaminhamento de passageiros para as diversas ilhas.
A companhia tinha previsto para este ano a chegada de duas novas aeronaves: um A330 que já opera desde Março e um segundo A330. Qual é o ponto da situação? Quais as novidades da frota?
Alterações à envolvente transacional obrigaram-nos a rever o plano operacional contido no plano de negócios 2015-2020, das quais se destaca: 1) efeitos da liberalização no mercado doméstico (ligações entre o Continente e a Madeira com as ilhas de São Miguel e Terceira); 2) alterações na estratégia dos concorrentes nos mercados onde a SATA opera; 3) produção de aeronaves “narrow-body” com maior alcance e incomparavelmente mais eficientes do que os “wide-bodies”. A revisão do plano operacional começou por estabelecer a rede que melhor servisse a missão da empresa e que estava expressa no Plano de Negócios 2015-20: “A SATA focará as suas operações nos Açores, no Continente Português, na América do Norte e nas ilhas da Macaronésia.” A partir da rede foi determinada a frota mais adequada para a operar, sendo que a escolha recaiu no A321-NEO, após os necessários estudos de performance entre a equipa da SATA e o fabricante. O primeiro A321-NEO chegará à SATA no final de 2017, o segundo chegará no primeiro trimestre de 2018. Em 2019 entrarão dois A321-NEO-LR, deixando de operar os A310. Em 2020, contamos ter ao serviço quatro aeronaves A321-NEO-LR, tendo saído, entretanto, os primeiros dois NEOs. NEO significa “new engine option”. O LR – Long Range” é um NEO com um alcance superior, pois permite transportar mais combustível. A SATA, em termos de número de lugares em cada uma das novas aeronaves, optou por uma configuração de conforto, com apenas 190 cadeiras, embora o equipamento possa transportar bastantes mais passageiros. O A330 que foi recebido este ano permanecerá ao serviço durante a vigência do contrato de leasing (2021).
De que forma a entrada das low cost nos Açores afetou a operação da companhia?
A entrada das Low Cost Carriers nos Açores afectou positivamente o Grupo SATA. No caso da SATA Internacional – Azores Airlines, o número de passageiros transportados entre o Continente e os Açores cresceu 6% no primeiro ano após a entrada das LCC e 8% no segundo. Sucedeu ainda outra coisa interessante e positiva: a SATA diferenciou-se como empresa de “full service” e os clientes passaram a poder optar e muitos optam pela SATA. Posso concluir que a liberalização foi benéfica para o mercado e também para a SATA.