Como a Royal Caribbean se superou com o Harmony of the Seas?
Custou 1,3 mil milhões de euros, mas não é só o valor da construção do Harmony of the Seas que impressiona, o maior navio do mundo reúne características dos seus antecessores e ainda apresenta novidades.
Carina Monteiro
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Custou 1,3 mil milhões de euros, mas não é só o valor da construção do Harmony of the Seas que impressiona, o maior navio do mundo reúne características dos seus antecessores e ainda apresenta novidades.
Barcelona já está habituada a receber os gigantes da Royal Caribbean International (RCI). Foi assim com o Allure of the Seas, em 2015, e agora com o Harmony of the Seas. O maior navio da companhia está a fazer a sua primeira temporada no Mediterrâneo. Estão previstos 34 cruzeiros de cinco e sete dias com embarque em Barcelona e paragens em Palma de Maiorca, Provence, Florença, Nápoles e Roma. A escolha da cidade catalã para a estreia do navio não é surpreendente, tendo em conta o sucesso da operação que o Allure of the Seas registou no ano passado, como explicou Mickael Bayley, presidente e CEO, na conferência de imprensa a bordo do navio, no passado dia 6 de Junho. Além disso, é um destino global e acessível para as diversas nacionalidades de passageiros que embarcarão no Harmony of the Seas durante este Verão. Depois disso, para embarcar no Harmony of the Seas só mesmo indo até Port Everglades, Flórida, o porto registo do navio e onde ele ficará posicionado a partir de Novembro de 2016, para fazer cruzeiros de sete noites pelas Caraíbas orientais e ocidentais, à semelhança dos seus irmãos gémeos Oásis of the Seas e Allure of the Seas.
A primeira viagem do Harmony, em águas do Mediterrâneo, aconteceu no passado dia 7 de Junho, a bordo estavam perto de 300 portugueses. Antes da partida, a companhia organizou uma viagem pré-inaugural entre os dias 5 e 7 de Junho, para cerca de quatro mil convidados que puderam conhecer as novidades deste navio da classe Oásis. De Portugal partiram 100 convidados, entre agentes de viagens, operadores turísticos, jornalistas e ainda o presidente da Associação Portuguesas de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira.
O terceiro da classe Oásis
O Harmony of the Seas é o terceiro navio da classe Oasis of the Seas e, como tal, herdou algumas das características dos seus antecessores Allure of the Seas e Oasis of the Seas. Quem já conhece os anteriores, vai sentir-se familiarizado com algumas das características deste novo navio. O design que divide a meio a estrutura central permitindo a criação de um Central Park, assim como o conceito de bairros com sete áreas distintas são herdados da classe Oásis. Onde estão as diferenças? Um pouco por todo o lado, na oferta de animação a bordo, no tamanho dos camarotes e até no consumo energético, com a companhia a garantir que o Harmony é 20% mais eficiente energeticamente que os navios da restante classe. Mas vamos por partes. Falando dos camarotes, o Harmony tem os maiores da frota da RCI, tem varandas e suites maiores em comparação com os seus navios gémeos e varandas virtuais com imagens em tempo real do destino para os camarotes interiores. Do alojamento para o entretenimento. Este é o navio que apresenta os primeiros AquaSlides de vários andares, mas a grande atracção é o Ultimate Abyss, o escorrega mais alto no mar, com 30 metros, o equivalente a descer 10 decks. Não faltam piscinas, jacuzzies, dois simuladores de Surf SlowRider, um trio de escorregas (The Perfect Storm), uma parede de escalada e um ringue de patinagem no gelo. A par destas atracções, o Harmony tem um conjunto de espectáculos que completa a oferta de animação: o famoso musical da Broadway, Grease, que tem lugar no Royal Theater; o ‘1887’, que apesar de se apresentar como um espectáculo de patinagem no gelo, é muito mais do que isso, ao transformar-se ao mesmo tempo num espectáculo de luz, dança e magia. Aliás, este é um ponto em comum: os espectáculos a bordo têm grande qualidade e em nada perdem para os espectáculos das grandes salas. Ao ar livre, há também um show de mergulhos acrobáticos no AquaTheater.
Quanto à oferta de restauração, o navio apresenta 20 opções. Alguns espaços já são conhecidos da classe Oasis: o Jonhny Rockets (hamburgaria), o Boardwalk Dog House e o Sabor, o novo restaurante mexicano introduzido recentemente no Oásis of the Seas. Mas também há espaços herdados da classe Quantum, como por exemplo o Bionic Bar, com barman robôts que preparam cocktails escolhidos pelos próprios clientes. O Harmony dispõe também do primeiro restaurante Wonderland de dois pisos. A cozinha criativa deste restaurante surgiu pela primeira vez a bordo da classe Quantum. Agora pode ser experimentado também no Harmony e, ainda, do restaurante italiano Jamie’s Italian, do famoso chef Jamie Oliver. Para finalizar, o Harmony dispõe do VOOM – a Internet mais rápida em alto mar. Os passageiros podem ter acesso através de dois pacotes disponíveis a partir dos 8,99 dólares por dia (oito euros).
Vendas no mercado português
Gianni Rotondo, director-geral da Royal Caribbean International para Itália e EMEA, disse ao Publituris que as vendas para o Harmony of the Seas estão “fortes”, mas ainda há lugares para reservar”. “Tudo o que se pode encontrar neste navio é de uma qualidade tal, que isto muda as regras do jogo, vendemos muito bem este navio e vendas antecipadas o que não é típico no mercado europeu. Não só vendemos antecipadamente, como a preços elevados, preços que variam entre os 500 euros a 5 mil euros”, afirmou. Já Francisco Teixeira, CEO da Melair Cruzeiros, adiantou que a procura do mercado português para este navio “tem sido boa” e que, apesar das reservas para este navio serem feitas antecipadamente, a “boa notícia é que ainda temos pessoas a reservar em Portugal”. O navio é bem conhecido no mercado português, por causa dos navios que fazem parte da mesma classe: o Oásis of the Seas e Allure of the Seas.
Numa perspectiva mais global do negócio em Portugal, Francisco Teixeira afirma que o ano passado “foi bom e este também”, no entanto, considera que “estamos muito longe de onde deveríamos estar”. Isso deve-se ao facto de ainda se reservar com pouca antecedência em Portugal. “O nosso mercado reserva geralmente com dois, três meses de antecipação. Temos de dizer-lhes para reservar com nove, seis meses de antecipação. Isto permitirá aos agentes de viagens fazerem mais negócio, porque os preços estarão mais de acordo com aquilo que os clientes querem despender nas suas férias”, defende. Por isso, Francisco Teixeira responde que o principal foco da Melair é perceber “como é que tornamos as coisas mais fáceis para que os clientes reservem mais cedo, com seis ou nove meses de antecipação”. “O potencial para fazer um cruzeiro na RCI é imenso, o que estamos a falhar é o timing certo para reservar e as dinâmicas certas entre o agente e o cliente. O nosso foco é esse maioritariamente. O nosso canal de distribuição em Portugal está numa fase em que não é fácil vender no timing necessário tendo em conta a complexidade do produto. O que fazemos é formar os agentes. Mas precisamos que os agentes de viagens estejam em sintonia connosco. Precisamos que queiram ter esta formação”, defende.
Hoje em dia, o problema do mercado europeu é a reserva antecipada, defende, por seu lado, Gianni Rotondo. “Temos a competição de outras empresas, mas também uma competição entre mercados que reservam com muita antecipação. Isto é muito importante para que a RCI tome decisões estratégias onde vai colocar os navios”, conclui.
Os cruzeiros ainda distribuem muito através das agências de viagens e o tema foi abordado na conferência de imprensa a bordo do navio, com a pergunta se esta relação entre agências e companhias de cruzeiros vai continuar. Michael Bayley, CEO e presidente da RCI, foi peremptório ao afirmar que as agências de viagens “são grande parte do sucesso da RCI e isso não vai mudar”. “Acreditamos que as pessoas podem reservar através dos canais que preferirem e o nosso foco é facilitar-lhes a vida. Os agentes de viagens fazem um grande trabalho na explicação do produto”, constata.
Preferências dos portugueses
No que toca a preferências do mercado português e, mesmo antes de escolher o destino, o cruzeiro surge como uma proposta de experiência ao cliente nas agências de viagens. “Normalmente, o Mediterrâneo é uma escolha natural pela proximidade e, naturalmente, o agente de viagens propõe um cruzeiro à saída de Barcelona, ou nas ilhas gregas, Turquia, Veneza, Roma. Quando o cliente já tem experiência de viagem, o agente de viagens pode propor um cruzeiro no Báltico e as Caraíbas são sempre as Caraíbas”, afirma Francisco Teixeira, No entanto, e independentemente do navio e do destino escolhido “o serviço e a atitude da tripulação é uma característica muito valorizada pelo mercado português”, conta o responsável da Melair Cruzeiros. ¶
*A jornalista viajou para Barcelona a convite da Royal Caribbean International.
HARMONY OF THE SEAS EM NÚMEROS
• 2747 camarotes
• 2100 membros da tripulação, de 77 nacionalidades
• 6410 hóspedes no total (5494 em ocupação dupla)
• 18 Decks, dos quais 16 para os cruzeiristas
• 227 000 Toneladas
• 362 metros de comprimento
• 66 metros de largura