Emprego versus Empregabilidade
Leia a opinião de Mafalda Patuleia, Diretora do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona.
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Na semana em que decorre mais uma edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), as atenções estão todas viradas para o desempenho do setor que mais contribui para a exportação nacional e que, cada vez mais, se afirma como principal motor da nossa economia. Esta evolução tem sido, ao longo dos anos, sustentada por um investimento contínuo na qualificação e reconhecimento dos profissionais do turismo, que agora começa a dar os seus frutos. Temos assistido, paulatinamente, à crescente importância que alguns empresários do turismo têm vindo a dar à qualificação dos seus recursos humanos, através de uma maior consciência de que a qualificação profissional especializada aumenta a produtividade e garante a diferença do serviço, com impacto positivo no resultado final do negócio. A constante procura de novos e melhores profissionais tem-se refletido na oferta de diferentes níveis de ensino, com especial enfoque para o ensino superior e ensino profissional e técnico. Esta consciencialização está também presente nos profissionais de turismo que, inseridos numa procura e numa oferta cada vez mais singular, encaram a formação ao longo da vida, como uma realidade estrutural da sua atividade profissional. Por outro lado, assistimos a um crescente interesse, por parte dos jovens, em ingressarem numa carreira ligada ao turismo devido à taxa de empregabilidade que ela confere e, por outro lado, devido às características únicas que tão bem definem esta profissão. Então se esta perceção tem contornos positivos, tanto do lado do empregador como do profissional de turismo, resta-nos desenvolver um caminho que possa enaltecer e valorizar a profissão.
Na verdade algumas notícias dão conta que em Portugal, a afirmação de alguns destinos turísticos está a ser feita com base em estruturas que não contemplam a formação profissional e que estimulam a precariedade e a clandestinidade da atividade. Verifica-se o crescimento da mesma, mas os números da empregabilidade não se alteram. Estamos perante a criação de emprego feita à base de trabalho sazonal e temporário, a tempo parcial, pouco qualificado e claro… mal pago. Esperemos que seja apenas uma adaptação do setor face ao crescimento e que em breve se perceba que o caminho a seguir, terá que ser estruturado em pressupostos que enalteçam a qualidade dos recursos humanos.
Mas a valorização de um profissional de turismo não está só no lado de quem emprega, mas também dos atuais e futuros profissionais de turismo. Urge ter a noção do papel que desempenhamos na actividade hospitaleira, que está intrinsecamente relacionada com as competências de cada um. A noção de empreendedorismo, o conhecimento de idiomas (pelo menos três), o domínio das tecnologias, entre muitos outros, faz com que a integração no mercado de trabalho seja positiva e evolutiva.
Neste caminho de esperança e integrado na BTL 2016, surge pela primeira vez a Bolsa de Empregabilidade. Esta ação desenvolvida pelo Fórum Turismo 2.1 pretende juntar mais de 40 empresas com interesse na contratação e captação de talento, disponibilizar mais de 200 oportunidades de emprego e atrair alunos oriundos de Universidades, Institutos Politécnicos e Escolas Profissionais. Estamos perante uma oportunidade que não só a enaltece, como também coloca a disposição de todos a possibilidade de ingressarem e caminharem nesta atividade que contribui actualmente para 8% da Taxa de Emprego em Portugal.
Por Mafalda Patuleia, Diretora do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona.
Artigo publicado na edição do Publituris de 4 de Março.