A Cultura e o Turismo II: Portugal, o destino de música ao vivo
Leia a opinião de Álvaro Covões, director-geral da Everything is New.
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Há cerca de dois anos atrás escrevi neste mesmo jornal um outro artigo de opinião no qual referi que o grande desafio do futuro estava na agregação de toda a oferta cultural para a valorização do destino Portugal, um destino que, aliás, é cada vez mais procurado. Passado este tempo analiso e concluo que está tudo praticamente na mesma.
Eu continuo a acreditar que cada vez mais os conteúdos são fundamentais para atrair turistas. Temos vários casos de sucesso, neste caso todos eles em Lisboa, como são exemplo os dois concertos de Adele que iremos realizar em maio, para os quais vendemos quatro mil e quinhentos bilhetes no estrangeiro, o concerto do Justin Bieber que esgotou em meia dúzia de horas, que se realiza em novembro, para o qual vendemos 1500 bilhetes no estrangeiro, e ainda o concerto dos AC/DC que terá lugar no Passeio Marítimo de Algés para 60 mil pessoas, esgotou em 15 dias e vendeu 12 mil bilhetes no estrangeiro, o que representa 20% da ocupação. Já o NOS Alive’16 na altura em que for
publicado este artigo terá vendido mais de 16 mil bilhetes no estrangeiro. Tudo isto somado são conteúdos organizados apenas pela EIN, mas que representam mais de 34 mil estrangeiros, fora os milhares de turismo interno.
Fantástico! Lisboa já ganha a outras cidades. Ganhou Adele a Madrid, a artista só vai atuar em Barcelona e Lisboa. Ganhou os AC/DC a Madrid e Barcelona, pois só fazem Sevilha e Lisboa, e, falo por mim, Lisboa tem o NOS Alive que tem sido considerado por toda a imprensa estrangeira como o melhor cartaz dos festivais de 2016. Por tudo isto Madrid está a acordar. “Nuestros hermanos” já perceberam que estão a ser ultrapassados por Lisboa e não só. A importante cidade espanhola Bilbao tem investido muito nos conteúdos culturais nestes últimos anos, daí terem o museu Guggenheim e o festival BBK Live, que cada vez mais aparece como um dos principais festivais europeus. Já se vê artigos na imprensa internacional com o fantástico título “Will new events put Madrid on the festival map?”. É exatamente nisto que temos que nos concentrar e não perder a estratégia. É fundamental agregar toda a oferta cultural.
Por exemplo, apesar dos nossos reparos, as plataforma de divulgação turística continuam praticamente na mesma. Estas plataformas agregam a oferta cultural de um modo desorganizado e o País é que perde. A verdade é que sozinhos temos conseguido fazer um excelente trabalho. Na Everything is New temos feito o nosso, cada vez com mais repercussões, mas é fundamental voltar a agregar toda esta oferta. Olhamos por exemplo para os números que a DGPC publicou sobre as visitas aos museus e não deixa de ser extraordinário que o número de visitantes, de todas as estruturas que a DGPC tem sobre a sua gestão, aumentou 10%, mas também, deveríamos pensar porque é que o Museu Nacional de Arte Antiga perdeu 26% de visitantes.
Significa que, no conjunto, quando se pensa na promoção dos conteúdos se conseguem resultados mais positivos. Há público, só temos que saber como captá-lo.
Importa ainda realçar que o turismo interno é fundamental, pois muitas vezes cometemos o erro de o omitir. Até agora tenho falado só de mercado estrangeiro, que é naturalmente muito importante, pois significa trazer gente de fora que vai deixar cá dinheiro, mas obviamente que o turismo interno é fundamental. Por exemplo, acima referi o número de estrangeiros em alguns dos concertos realizados pela EIN, mas há casos que realmente são impressionantes, os AC/DC por exemplo, o distrito de Lisboa só representou 37% de vendas, as restantes vendas nacionais estão distribuídas pelo País. No NOS Alive também verificamos a mesma perspetiva, 30 a 35% é proveniente da grande Lisboa e as restantes vendas são repartidas pelo resto do País e estrangeiro.
A Everything is New, em conjunto com uma outra empresa do grupo – Live Company, uma pequena agência de viagens – começou a comercializar pacotes online no estrangeiro e em Portugal. Neste momento já temos uma grande oferta. Bilhete + hotel, bilhete + hostel, bilhete + hotel + passeio panorâmico de helicóptero, bilhete + hostel + aulas de surf, bilhete + viagem de comboio, bilhete + autocarro e ainda (localizado para França, porque parece-nos um mercado absolutamente estratégico), bilhete de avião (Aigle Azur) + bilhete de evento + hotel. Nós olhámos principalmente para o trade Lisboa – Porto, pois são os dois grandes centros culturais do País, procurámos pacotes culturais existentes e percebemos que são escassos. Logo, identificámos uma oportunidade: criar oferta composta. Até agora vendíamos bilhetes e agora vendemos bilhetes com hotel, com transporte, e até com experiências associadas. É uma evolução. As pessoas tinham resistência em comprar e agora começam a acreditar em nós. Desenganem-se aqueles que acham que a música não traz turismo de qualidade. Por exemplo, para o NOS Alive temos packs com hotéis de referência tal como o Valeverde, Altis Belém, Palácio do Governador ou Bairro Alto Hotel, e ainda packs com os melhores hosteis da cidade. Este ano o NOS Alive espera 20 mil estrangeiros.
Tal como tenho vindo a dizer, o grande desafio do futuro, o passo que devemos dar em frente, é agregar toda esta oferta cultural. Na verdade, continua tudo praticamente na mesma. Não quer isto dizer que os resultados não sejam positivos, poderiam é ser melhores. Nós não podemos viver num país que só fala do Web Summit, o País vive também da oferta cultural que tenha capacidade de captação, tal como Serralves, Museu Berardo, espetáculos como Adele, AC/DC, ou festivais como o NOS Alive, que são produtos com conteúdos de grande referência internacional e que realmente fazem com que as pessoas aproveitem para fazer city break, ou até férias. Oferta agregada, oferta de qualidade. Este deveria ser o foco.
Por Álvaro Covões, director-geral da Everything is New.