Turismo: Horizonte próximo com interrogações
Por António Abrantes, professor universitário ULHT.
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Ao Turismo, tanto no plano internacional como interno, tem-se-lhe tecido os maiores encómios: actividade vibrante, motor do desenvolvimento, alavanca da economia, etc., etc.. Percebem-se em razão do seu contributo para o crescimento da economia mundial, pelo seu impacto na balança de pagamentos, pela sua capacidade de criação de emprego, pela valorização de recursos endógenos, pelo volume de receitas externas carreadas, entre outras potencialidades.
Todavia aqueles encómios, via de regra amplificados pela política, posicionaram-no num patamar de capacidades ímpares e virtuosas. Neste campo importa contextualizar as condições da sua evolução e amenizar tais ânsias.
Sendo certo que as projecções da OMT apontam para um crescimento anual médio de chegadas às fronteiras de turistas de cerca de 3,3% até 2030, embora díspar para os diversos destinos turísticos mundiais, também o é o facto de aquelas projecções terem sido definidas num contexto mundial bem diverso do actual.
A crescente insegurança, principalmente a sua percepção, é um factor novo, nos seus contornos e amplitude, com influência nos fluxos e movimentos turísticos. Com especial ênfase no principal destino turístico do mundo, a Europa. Medidas de limitação (ou de criação de constrangimentos) às viagens na UE, como se vão já debatendo nos fora europeus, constituirão entrave ao turismo, mesmo inter-regional. Seria, ademais, um forte rombo à própria construção europeia por tocar num dos pilares fundacionais da União. O turismo, agentes públicos e privados, devem prestar especial atenção a esta questão.
Os bons resultados do turismo, nomeadamente na área macro-económica, tem-no catapultado, no plano político, como contribuinte disponível para a resolução de problemas financeiros presentes em organismos públicos, com especial aptidão para os municípios. A proliferação de taxas, impostos, derramas e demais panóplia criativa, sobre os mais diversos ramos e agentes privados turísticos, constituem hoje, com tendência a engordar, um apetite voraz.
Estas decisões não atendem a conceitos económicos basilares como sejam o da elasticidade procura-preço. Caso contrário a carga fiscal que determina o preço final do serviço, no mínimo, seria aligeirada. Antes, pelo contrário, a lógica subjacente é a de olhar o turismo como contribuinte líquido para a resolução de problemas financeiros, ligados a défices que não gerou, nem provocou.
Estas duas realidades, entre tantas outras, que andam de braço dado a nível mundial e interno, devem merecer a atenção de todos nós que temos o turismo como área de acção política, vocação e/ou profissional.
António Abrantes
Professor Universitário ULHT