Senhor Ministro da Economia: olhe pelo Turismo!
Leia a opinião de Vítor Neto, empresário e gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve.
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Sim, Senhor Ministro, Dr. António Pires de Lima, peço-lhe como cidadão que olhe pelo Turismo com objectividade, rejeitando os estereótipos que o perseguem. A complexidade do sector e a sua importância na Economia, o interesse nacional, assim o exigem.
É urgente ultrapassar a barreira de lugares comuns do «melhor ano, trimestre, semana, Verão…de sempre», das «Floridas da Europa», da «qualidade» versus «massas», das alternativas aos clientes tradicionais… dos mercados emergentes… chineses, árabes, russos… dos «novos produtos» milagrosos… Já todos o disseram.
Apelo para que o Senhor Ministro confirme com actos concretos a importância do Turismo na economia nacional (PIB, VAB, emprego, desenvolvimento local). Apelo para que, quando falar de exportações, não se esqueça de referir que o Turismo (com 8,6 mil milhões de euros) é o maior sector exportador nacional de bens e serviços (14%).
Senhor Ministro, o Turismo reflecte uma realidade incontornável: apesar do quadro de estagnação que caracterizou a evolução da nossa economia na última década, resistiu à crise melhor que outros sectores, manteve quotas elevadas no total das exportações. Por isso, Senhor Ministro, o Turismo – que este ano pode crescer em receitas externas várias centenas de milhões de euros – pode dar um contributo rápido e ainda maior para as contas externas e a retoma da economia.
O Turismo viveu um processo contraditório nos últimos anos. Por um lado, não existiu uma visão integrada global, por outro, concentrou-se em opções erradas. Os resultados estão à vista: estagnação e quebra nos mercados tradicionais, apesar das centenas de milhões de euros de promoção, e uma situação preocupante nas áreas associadas à imobiliária apoiada de forma prioritária. Com uma factura pesada: quebras de turistas em regiões importantes; investimentos errados e prejuízos elevados para empresários e bancos. Foi a década dos Top Ten/Go Deeper’s, dos Pent´s/West Coast’s, dos Pin´s…
Ninguém quer reflectir sobre estes factos – governos, partidos políticos, municípios, organismos regionais de turismo e também empresários. Um erro. Cada sector tende a «esquecer» e a fechar-se na defesa de interesses imediatos e no curto prazo, o que constitui uma ilusão e conduz à desagregação, à pulverização, à perda de massa crítica e de imagem consistente regional e nacional.
Senhor Ministro da Economia: é necessário reflectir sobre todas estas situações, caso contrário, continuaremos a navegar na ilusão e a correr o risco de repetir os mesmos erros nas opções estratégicas e nos investimentos.
Sem isso, não é possível definir uma estratégia nacional e estratégias regionais coerentes, nem captar investimento. Nem é possível posicionarmo-nos para enfrentar os desafios que já nos afligem: aumento da concorrência internacional (novos destinos, novos produtos e ofertas, preços baixos), as exigências dos novos turistas e das novas procuras, a complexidade do transporte aéreo, a expansão imparável das novas tecnologias na intermediação comercial do turismo.
O peso político do Turismo nos governos e no País tem de ser proporcional ao seu papel na economia. Importa afirmar esta ideia.
A recuperação desse reconhecimento só pode ser feita através da acção forte e directa do Senhor Ministro da Economia no seio do governo, e com o apoio ao Secretário de Estado do Turismo, na sua acção concreta, e na relação com os outros ministérios, regiões, municípios e o País.
Senhor Ministro: olhe pelo Turismo! Portugal precisa!