Tempos difíceis – Um Momento de Oportunidades!!
por José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida, Temos assistido diariamente a notícias devastadoras que nos deixam a todos apreensivos. Se até agora as “surpresas” vinham anunciadas, e estávamos surgem. Pensou-se que a crise do subprime, que abalou os EUA, teria as suas repercussões num território circunscrito, com alguns danos na… Continue reading Tempos difíceis – Um Momento de Oportunidades!!
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por José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida,
Temos assistido diariamente a notícias devastadoras que nos deixam a todos apreensivos. Se até agora as “surpresas” vinham anunciadas, e estávamos surgem. Pensou-se que a crise do subprime, que abalou os EUA, teria as suas repercussões num território circunscrito, com alguns danos na Europa, no entanto, hoje assiste-se ao alastramento do fenómeno ao mundo, e assim apercebemo-nos de qual o verdadeiro significado da denominada “Economia Global”.
Todos sabíamos que tempos difíceis se adivinhavam. A crise do petróleo, a sustentabilidade ambiental, as ameaças que pairavam sobre os mercados financeiros internacionais, a emergência das economias de leste e outras, foram definidas, em 2008, como as principais condicionantes do desenvolvimento do sector turístico.
A WTTC e a OMT já tinham incorporado estas variáveis de negócio nas previsões e tendências para 2008 e 2009, assim como as empresas e entidades que, desde logo, redefiniram as suas estratégias de desenvolvimento sustentadas nestes pressupostos. Novos mercados foram identificados, as campanhas de comunicação adequadas e novos planos de acção desenhados.
Neste início de Outono aparecem as notícias para as quais muitos de nós não estaríamos suficientemente alertados. As previsões de recessão financeira nos EUA, o fantasma da recessão técnica da Irlanda confirmado pelos números da Comissão Europeia e as ameaças que pairam sobre as principais economias da UE, nomeadamente, da França, da Alemanha, do Reino Unido e da Espanha, constituem verdadeiras ameaças para o modelo de economia de mercado. Estes países são paralelamente, nossos principais parceiros económicos, mas também, alguns dos nossos mercados turísticos estratégicos.
Portugal, pela sua dimensão e pelo seu modelo de desenvolvimento económico, é bastante dependente do desempenho das principais economias europeias, pelo que se advinham tempos conturbados num futuro próximo. Há quem defenda que Portugal resistirá a esta crise, o que até pode ser verdade, mas na economia real os seus efeitos serão concretos e palpáveis. A dificuldade do acesso ao crédito, a escassez de liquidez financeira, o endividamento excessivo entre outras já conhecidas, resultarão na diminuição do consumo e do poder de compra nos próximos tempos.
A RDPE desenvolveu uma análise real ao sector / mercado imobiliário e constatou que este está praticamente paralisado, existindo, no entanto, alguns segmentos que estão compradores, mas sempre atentos ao desenrolar dos acontecimentos.
Os agentes afirmam que terminou o período em que tudo o que se construía, se vendia. Os níveis de confiança nos mercados diminuíram drasticamente. O mercado está em saldos.
Em tempos de crise surgem, normalmente, oportunidades. Nesta conjuntura surge a oportunidade de início de um novo caminho. Alguns dos principais analistas comparam o actual modelo económico a um doente terminal, onde a injecção de novos fármacos só adia o fim. O modelo económico do início do século XXI terá obrigatoriamente que ser alterado, ao qual se deverá seguir a alteração do paradigma social em que vivemos.
Vive-se actualmente numa profunda crise de valores à qual está associada a crise económico-financeira. A ausência de ética profissional induziu o mercado à especulação e à criação de bolhas de ilusão que finalmente rebentaram.
Em artigos anteriores a RDPE alertava, para a necessidade de se assumir uma nova postura no mercado que promova o bem-estar comum e, paralelamente, o desenvolvimento económico, sustentado em novos valores.
O turismo, pelas suas características, deverá ser um dos sectores para veicular e disseminar este novo modelo de desenvolvimento e afirmação económico-social.
Portanto, na conjuntura actual, que é preocupante, devem ser identificadas oportunidades de afirmação da actividade turística, pela promoção de produtos que incorporem, desde já, os valores ausentes no modelo actual e que serão fundamentais para a estruturação do próximo.
A actividade turística deverá voltar a assumir os parâmetros de base que contribuíram para a sua definição como a indústria número um do mundo. Uma actividade que surgiu da relação do Homem com o Homem, do Homem com a sua envolvente, e que paralelamente contribui para o desenvolvimento económico das sociedades. A inversão destas variáveis, com a valorização da vertente económica, foi a principal causa para a crise global em que o sistema se encontra actualmente.
É o momento para cada um reflectir e contribuir para o início de um novo processo de desenvolvimento. A conjuntura da abundância e do facilitismo terminou. É necessário, mais do que nunca, a estruturação de estratégias e de produtos turísticos que sejam concebidos de acordo com dimensão social e humana do turista e não sob a pressão do betão e do tijolo.
Numa sociedade cada vez mais global, onde a reprodução de modelos foi uma das principais estratégias de afirmação territorial, e num início de ciclo onde a “escassez” de recursos é a nova conjuntura, é fundamental apresentar alternativas ao mercado que constituam reais oportunidades para o sistema turístico: Mais do que nunca a palavra “Planeamento” é a nova ordem: planear para ganhar.
Da necessidade de construir modelos de relacionamento socio-económico, o Homem desenvolveu estruturas que permitiram a sua sobrevivência. Sem reflectir sobre as potencias consequências para a envolvente, iniciou-se uma estratégia conjuntural, de efeitos estruturais.
O planeamento do espaço turístico exige um olhar na transdisciplinariedade das ciências económicas e sociais, que em conjunto, promovem a integração da actividade turística no modelo de desenvolvimento regional, beneficiando as populações locais, o território e promovam a sustentabilidade ambiental. Estas são as variáveis indispensáveis no novo paradigma do desenvolvimento turístico.
Assim, e apesar das sérias dificuldades que se anunciam, é importante que este período seja encarado como a oportunidade de revisão das posturas e opções assumidas. O sector turístico nacional necessita de assumir novos modelos de afirmação e diferenciação de produto permitindo-lhe um novo posicionamento neste novo modelo organizacional. Esta é uma mensagem dirigida a todos os agentes e entidades que aqui actuam, devendo cada um identificar quais as responsabilidades que deverá assumir.
RDPE – Desenvolvimento Projectos Empresariais, S.A.