Portugal de luxo
Portugal ocupa o segundo lugar mundial, ex-aequo com o México, na lista de países com mais hotéis de luxo num inquérito do TripAdvisor. Os sete hotéis nacionais nesta classificação deixam antever que estamos bem posicionados neste mercado Portugal tem sete hotéis na lista dos 100 melhores hotéis de luxo do mundo do TripAdvisor, a qual… Continue reading Portugal de luxo
Paulo Correia
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Portugal ocupa o segundo lugar mundial, ex-aequo com o México, na lista de países com mais hotéis de luxo num inquérito do TripAdvisor. Os sete hotéis nacionais nesta classificação deixam antever que estamos bem posicionados neste mercado
Portugal tem sete hotéis na lista dos 100 melhores hotéis de luxo do mundo do TripAdvisor, a qual é liderada pelos Estados Unidos. O Hotel Real Palácio, em Lisboa, é o mais cotado, na 31ª posição, seguindo-se-lhe a Quinta da Casa Branca (Funchal), na 36º, o Penha Longa Hotel & Golf Resort (Sintra) na 44º, o Lapa Palace (Lisboa) em 87º, o Pestana Palace Hotel (Lisboa) em 93º e o Suite Hotel Éden Mar e The Cliff Bay (ambos no Funchal) em 97º e 98º, respectivamente. O Publituris foi saber como pode o nosso país caminhar para uma maior liderança no sector.
Miguel Afonso dos Santos considera “muito positivo” o 31º lugar do Real Palácio, unidade de que é director. Para este responsável, a classificação obtida “significa um reconhecimento da aposta que tem sido efectuada”. Para Miguel Afonso dos Santos, tendo esta votação sido efectuada por pessoas que visitaram o hotel, os resultados obtidos são “ainda melhores”, mostrando que em termos práticos as expectativas foram “superadas a todos os níveis”. Já António Casanova, director do Pestana Palace, realça o facto de estes resultados serem “uma ferramenta cada vez mais utilizada pelos clientes”, representando um importante “factor de decisão”. Por sua vez, Gabriela Botelho, autora do livro “O luxo e o charme na hotelaria em Portugal”, dá “um valor relativo” a estes resultados, por considerar que as votações da TripAdvisor tanto podem valorizar como desvalorizar um determinado hotel.
Portugal tem boas soluções no mercado do luxo, com “hotéis bons, quer ao nível de infraestruturas, quer ao nível de serviços”, afirma Gabriela Botelho, destacando Lisboa, Costa do Estoril e Madeira como “as regiões com a melhor hotelaria a nível nacional”. Os responsáveis pelo Real Palácio e pelo Pestana Palace salientam o facto de haver “mais unidades a entrar neste mercado e de boa qualidade”, o que “eleva a fasquia” e “ajuda a colocar Portugal noutro patamar”, considerando que “só desta forma conseguimos fazer frente a destinos de massa onde os preços são baixos”. “Portugal terá que ser referência e visto como Total Quality”, assevera Miguel Afonso dos Santos.
Todos os entrevistados são da opinião que Portugal está bem cotado a nível internacional. “Temos todas as condições para vencer, mas para isso é necessário fazer projectos diferenciadores e com qualidade”, afirma Miguel Afonso dos Santos. O director considera que “Portugal possui características naturais únicas que o tornam por si só um destino singular. A dimensão do nosso País permite que um turista possa em duas ou três horas descobrir paisagens e aspectos sócio-culturais distintos, fazendo com que se sinta dentro de um grande resort”.
Qualidade e diversidade
Qualidade é a palavra mais proferida quando se fala das apostas da hotelaria portuguesa para o futuro. António Casanova considera que “devemos apostar dependendo da zona e de forma a encontrar um equilíbrio entre procura e disponibilidade, evitando assim a saturação ou falta em determinado destino”. Miguel Afonso dos Santos concorda com o seu homólogo, e acrescenta que “devemos apostar na qualidade e dentro da qualidade devemos ter vários níveis até chegar ao luxo”, pois todos esses níveis são “importantes para atrair turistas com poder de compra”. Gabriela Botelho considera curioso que apesar da “crise em determinados sectores” a “indústria de luxo nunca prosperou tanto como agora”. “Devemos continuar a apostar na hotelaria de qualidade, seja ela de luxo ou de charme, mas devemos melhorar o nosso produto hoteleiro, sobretudo na qualidade do serviço, porque o serviço é que distingue no fundo as unidades hoteleiras”, afirma Botelho.
A hotelaria nacional deve apostar na diversidade, salientam os entrevistados. “Devemos continuar a diferenciar, a apostar em projectos únicos”, afirma Miguel Afonso dos Santos, evitando também uma “guerra de preços” entre unidades hoteleiras. Devemos também valorizar o que é nosso. Portugal tem a seu favor a qualidade dos “serviços prestados de forma consistente e flexibilidade para corresponder às necessidades dos clientes”, considera António Casanova, destacando “a facilidade de comunicação e segurança”. Gabriela Botelho salienta ainda “a nossa forma de estar enquanto povo”, garantido que “a nossa atitude e a nossa forma de receber os estrangeiros, a nossa hospitalidade é essencial”.
Satisfação do cliente
Inquéritos valem o que valem
Este tipo de inquéritos de satisfação dos clientes são comuns, podendo apresentar resultados bastante díspares. O próprio director do Real Palácio afirma que os resultados o “surpreendem um pouco”, pois é “difícil nos dias de hoje definir o luxo”, atribuindo à “excelente relação qualidade/preço” um grande peso nesta votação. António Casanova concorda com o seu homólogo, referindo que estes resultados “devem ter uma leitura de mente aberta”, porque “o conceito ou classificação de luxo varia muito de cliente para cliente”, revelando que “aparecem hotéis bem classificados que nada têm a ver com outros conceituados que nem aparecem”. Gabriela Botelho vai ainda mais longe. A autora afirma que, embora integrem a lista alguns dos hotéis que considera “os melhores”, “esta classificação está completamente fora da realidade dos melhores hotéis de Portugal” e até “a ordem com que se apresentam é completamente disparatada”. “Claramente temos hotéis muito bons em Portugal que não figuram nessa lista do TripAdvisor, porque se calhar as pessoas que votam não experimentaram outros hotéis”, conclui.