Em nome do Portugal Turístico – O que andamos todos a fazer?
por José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida, Na edição on-line do Publituris, do passado dia 3 de Setembro de 2008, foi publicada uma notícia que dava conta de que “Portugal é o segundo destino no mundo com mais hotéis de luxo”. Aqui é preciso ter atenção e ler a notícia… Continue reading Em nome do Portugal Turístico – O que andamos todos a fazer?
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por José Gil Duarte, António Fontes, Rui Soares Franco e Hernâni Almeida,
Na edição on-line do Publituris, do passado dia 3 de Setembro de 2008, foi publicada uma notícia que dava conta de que “Portugal é o segundo destino no mundo com mais hotéis de luxo”. Aqui é preciso ter atenção e ler a notícia na sua integralidade: Portugal juntamente com o México ocupam a segunda posição no ranking da votação anual dos membros da comunidade de viagens TripAdvisor. Assim, destacam-se sete unidades hoteleiras nacionais repartidas entre Lisboa, Sintra e Madeira.
Esta votação é um dos sinais de reconhecimento do esforço realizado nos últimos anos de forma a responder ao desafio de reposicionar Portugal no panorama turístico internacional. Aqui é de louvar o esforço do sector privado que tenta adequar a oferta às mais recentes tendências internacionais, respondendo de forma adequada às mais recentes exigências da procura. E pelos vistos tem conseguido bons resultados e o merecido reconhecimento.
No entanto, estes são consideradas excepções na oferta turística nacional. Assiste-se por um lado, a promotores atentos à realidade turística nacional e internacional e formatam produtos capazes de se posicionarem positivamente no mercado.
Paralelamente, assiste-se à entrada de promotores, no sector turístico, que tentam diversificar a sua actividade empresarial. Sem nenhuma experiência no sector e sem um acompanhamento especializado desenvolvem propostas de produto muitas vezes desadequados às necessidades do mercado. Baseados na sua experiência, a maioria das vezes, de base imobiliária, as propostas que apresentam são réplicas de modelos já existentes, não necessariamente ganhadores.
Em Fevereiro 2006, a RDPE escreveu um artigo intitulado “Pode um hotel ser uma atracção turística?”. Neste artigo realçava-se a importância de serem desenvolvidos os estudos necessários para a proposta de um produto coerente e de sucesso, nomeadamente, o Estudo de Mercado, a Definição de Produto, o Estudo de Viabilidade Financeira e com um especial realce para o projecto de arquitectura.
De acordo com aquilo que é a visão da RDPE, a unidade hoteleira deve ser estruturada com o objectivo de contribuir para o seu próprio sucesso, mas também para a qualificação do destino onde está inserido.
Muitas das vezes na ausência do sector público, aquele com responsabilidades de propor e concretizar estratégias de promoção de um destino turístico, é o sector privado que assume esse papel.
Não são muitos os exemplos existentes capazes de se assumirem como “hotel-destino”, no entanto, pela dimensão da oferta e pela necessidade de diferenciação exige-se cada vez mais uma postura responsável e pró-activa, assumindo o risco de ser diferente:
E é aqui que se centra a nossa questão. Caberá às unidades hoteleiras ou a outros empresários do turismo a obrigação de criar destinos, ou pelo contrário, deverá ser a área institucional a definir uma estratégia e afirmar o destino, beneficiando quem lá actua. Na realidade, a conjugação de esforços deverá ser mútua, existindo espaço e “papéis” que cada um dos sectores deve assumir, evitando, desta forma, o ocorrido com o Programa PITER (Programa Integrado Turístico de Natureza Estruturante e de Base Regional), em que não se soube aproveitar a oportunidade que este oferecia.
Ao ler a notícia do Publituris houve um pensamento que ocorreu: “Caberá ao sector privado a obrigação de promover o território nacional ou estão invertidos os papéis e responsabilidades do sector público?”.
Na realidade, e de acordo com as regras do bem fazer, cabe ao Estado o planeamento estratégico da promoção do destino turístico, no qual depois o sector privado actuará com as acções próprias e complementares.
Neste capítulo, podemos questionar as estratégias seguidas para a promoção do destino “Portugal”. Não negamos que alguma coisa tem sido pensada e concretizada. Existe um planeamento estratégico, um plano de acção de longo prazo, o qual deverá ser complementado com intervenções conjunturais de acordo com o ritmo do mercado. No entanto, não existe uma adequada articulação com a dinâmica do mercado.
O último grande evento nacional de destaque é o “Allgarve”… na realidade quais são os objectivos deste happening constituído por eventos avulsos distribuídos pela região algarvia? Uns dizem que é para reposicionar o Algarve, outros dizem que é para dinamizar a região captando mais turistas… o que seja! Acreditamos nas boas vontades de quem o imaginou…mas será o seu planeamento o mais correcto!? Como se pode querer criar um evento de arte contemporânea, com artistas internacionais de reputação, paralelamente com concertos de verão?
Na verdade são eventos culturais complementares… mas a questão que se levanta é só uma: Deverão estas acções ser concentradas na época alta, ou deveriam ser distribuídas ao longo do ano criando um “happening” constante?
Concertos de verão, fazem todo o sentido num território de praia, sol e de vida na rua… o clima apela a tal! Exposições de arte contemporânea não será mais indicado para uma época mais tranquila com outro tipo de clientela, em complemento ao golfe, quando a oferta está mais estruturada para um segmento mais exigente e capaz? É o turista de verão, do Algarve, que assiste a concertos de rua, o público mais indicado para este tipo de evento?
São meras reflexões, que têm por objectivo afirmar a necessidade de se criar uma coerência nas estratégias de comunicação e de promoção. Isto obriga o sector público a estar atento ao trabalho do sector privado e apoiar ou aproveitar as sinergias daí criadas.
Para ser possível alcançar os objectivos especificados pelo governo para o sector turístico nacional, muitas vezes, definidos sem qualquer base de sustentabilidade, como o exemplo dos 20 milhões de turistas até 2015, definidos em PENT, é importante a existência de um documento que seja realista e objectivo. Existirá uma estratégia ambiciosa de afirmação do destino que permita a concretização de tais objectivos? Pelo seu lado, o sector privado, mal ou bem está a apostar no reposicionamento da oferta. Mas esta meta só será possível alcançar quando forem criadas as condições de base que garantam ao turista a “qualidade do destino”: Estarão a ser tomadas as medidas necessárias para dotar os serviços públicos nacionais de uma vocação turística?
De acordo com a experiência e conhecimento adquirido pela RDPE nos territórios turísticos nacionais, as carências vão muito mais além da necessidade de uma melhor sinalética ou melhor formação dos recursos humanos. Actualmente, é necessário um investimento transversal na sociedade permitindo o início do que deveria ter sido feito há muito tempo… uma cultura turística portuguesa!
É o conjunto destas questões aqui enumeradas que deveriam servir de ponto de partida para a reflexão das instituições responsáveis pela actividade turística nacional e que deveriam algumas delas ser respondidas pela tomada de iniciativa no âmbito da concertação de esforços entre o sector público e o sector privado.
RDPE – Desenvolvimento Projectos Empresariais, S.A.
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