Jorge Mangorrinha, Coordenador Científico do Rastreio e Levantamento dos Conjuntos Termais Portugueses
O lugar do Turismo de Saúde em Portugal O Turismo de Saúde e Bem-Estar foi elegido como um dos dez produtos estratégicos para Portugal. Considerando a singularidade do património termal português, as características e extensão da nossa costa marítima e as condições climatéricas de excepção do país, antevejo um importante incremento do termalismo, da talassoterapia… Continue reading Jorge Mangorrinha, Coordenador Científico do Rastreio e Levantamento dos Conjuntos Termais Portugueses
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O lugar do Turismo de Saúde em Portugal
O Turismo de Saúde e Bem-Estar foi elegido como um dos dez produtos estratégicos para Portugal. Considerando a singularidade do património termal português, as características e extensão da nossa costa marítima e as condições climatéricas de excepção do país, antevejo um importante incremento do termalismo, da talassoterapia e dos resorts de saúde, através de investimentos nacionais, estrangeiros e mistos, de acordo com as tendências recentes a nível mundial, para o que desde logo se torna fundamental a actuação em simbiose entre as diferentes ofertas.
As origens europeias do turismo actual e dos seus traços configurativos contemplam um fenómeno antigo e que apresenta um significado paralelismo nos seus caracteres evolutivos e uma sincronia temporal relativa entre dois vínculos de implantação espacial: as actividades de uso das águas termais e marítimas. A génese geo-histórica das estâncias termais e talassoterápicas desenvolveu uma dinâmica que lhes permitiu ultrapassar os seus preceitos higiénicos e sanitários e evoluírem para centros hídricos e recreativos de atracção de forasteiros que reconfiguraram o seu território físico e o espaço social.
Historicamente, o termalismo é a componente mais singular deste produto. Distingue-se, no nosso país, pela sua completa tipologia de águas, pelas heranças históricas e culturais e pelo significado social. A aprovação da Lei de Bases do Termalismo, em 2004, valorizou a actividade e alargou o seu domínio à terapêutica, ao lazer, ao bem-estar e à estética corporal. Este enriquecimento da oferta veio trazer mais responsabilidade aos agentes e recursos humanos envolvidos no sector e, no mesmo sentido, condições efectivas para uma estratégia nacional para o Turismo de Saúde e Bem-Estar.
As tendências actuais reconhecem estes territórios como estratégicos nos investimentos, mas também receptores das motivações sociais, com actividades múltiplas de lazer, bem-estar e enriquecimento pessoal, como opção de vida e ocupação de tempos livres ou períodos de férias repartidas. Com variações pouco significativas, o mundo da saúde, do lazer e do turismo não é separado do mundo quotidiano, mas contíguo. O próprio culto da água e do banho é caracterizado por ritos e interesses materiais e simbólicos muito particulares por parte dos seus utentes e cada vez mais aberto à (re)descoberta dos valores patrimoniais. Daí que o Turismo de Saúde não possa justificar-se apenas sob premissas de rentabilidade e estar demasiadamente vinculado ao poder aquisitivo, porque a saúde é um valor com conotações humanas, não mensurável com padrões económicos. Talvez a moda do século XIX tivesse procurado na Natureza os valores perdidos por causa da industrialização. Na actualidade, porém, exige-se que o Homem se reencontre com a ecologia e a defesa dos valores ambientais como garante da sua própria existência e da sustentabilidade do território.
O turismo, para se manter vinculado às actividades de cura e bem-estar, precisa também do valor da saúde, do ordenamento territorial e da cultura, convertendo-se numa actividade necessária e fortemente caracterizadora do mundo actual. Para se atingirem estes objectivos, é necessária a convergência de outras diversas vontades: o maior número de prescrições médicas quando necessárias; a qualidade arquitectónica dos investimentos; a aposta nas novas tecnologias; o incremento do ensino superior e técnico-profissional nas áreas da saúde relacionadas com o termalismo e a talassoterapia, por parte dos agentes educativos, incluindo o desenvolvimento de eixos de investigação; a aproximação das populações locais à experiência dos programas de bem-estar através de visitas e estadas organizadas por parte dos próprios concessionários e das entidades locais; a definição de planos estratégicos de investimento e de imagens de marca que promovam uma identidade específica de cada estância; a qualificação da oferta hoteleira; o incremento de variadas actividades lúdico-desportivas e a preservação e o ordenamento dos espaços físicos. No mesmo sentido, alguns clusters regionais potenciam estratégias conjuntas entre termas e destas com outros produtos turísticos regionais: na formação e gestão integrada de recursos humanos, na gestão e exploração de negócios complementares e na promoção externa.
O ponto de situação realizado em 2005 por parte da Associação de Termas de Portugal (ATP) e da Agência Portuguesa para o Investimento (API), face às potencialidades para a atracção de investimentos em algumas estâncias termais portuguesas, vem ao encontro das perspectivas enunciadas anteriormente e das tendências internacionais. O estudo intitulado “SPAS Termais de Portugal – Oportunidades de Investimento” tem como objectivos a identificação das oportunidades de investimento concretizáveis a médio prazo, capazes de mobilizarem investidores nacionais e internacionais, e apontar intervenções da API que possam contribuir para resolver dificuldades de operacionalização deste tipo de empreendimentos ou para agilizar as condições de concretização dos projectos e investimentos.
A este diagnóstico, junto os resultados da primeira fase do estudo realizado para o Ministério da Cultura, intitulado “Rastreio e Levantamento dos Conjunto Termais Portugueses” (2006), com base num património físico e cultural de grande significado para a história da arquitectura e dos locais. Os objectivos deste trabalho passam por proceder ao estudo sistemático dos conjuntos e seus componentes, proceder à avaliação dos respectivos valores histórico-patrimoniais e estabelecer uma base conceptual de critérios que possibilitem a fundamentação de medidas de salvaguarda. Finalmente, o papel importante do Turismo de Portugal, I.P., na criação de um grupo de trabalho para o produto estratégico “Turismo de Saúde e Bem-Estar”, dotará -espera-se- o futuro deste sector com bases sólidas e uma visão abrangente de desenvolvimento. Será nesta articulação estratégica e convergência de interesses entre diferentes entidades e especialistas que poderemos inverter os problemas tradicionais de incapacidade de financiamento, e consequentes dificuldades de reestruturação e competitividade, bem como a situação moderadamente segregada das comunidade envolventes. Pelo contrário, os novos ou renovados territórios do Turismo de Saúde e Bem-Estar, retomarão a sua imagem de prestígio e de prazer, como destinos turísticos credíveis, de valor acrescentado, com futuro e projecção internacional.